AULA 02
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Aula 2 – bullying nas Escolas
Iniciemos a nossa segunda aula. Acesse o vídeo a seguir, que tem 14’50”. O título é “A Peste da Janice”.
Que sentimentos esse vídeo despertou em você?
Para contribuir, no quadro a seguir são listados alguns sentimentos que afloram quando nossas necessidades são atendidas ou não.
Você consegue listar os tipos de violências sofridos pela “Janice”?
Se necessário, retome a nossa aula 01.
Você, na escola onde atua, já vivenciou situações parecidas com o “O caso da Janice”? O que fez para resolver?
Observe e avalie a cena:
Que fatores internos estão postos no caso “Janice” que contribuíram para o agravamento do conflito? Qual era postura da professora? Como estava a estrutura física da sala? Na turma tinha algum menino?
E os fatores externos? Janice tinha as mesmas condições financeiras dos outros estudantes? Que cenas no filme possibilitam inferir sobre esse tema? Como deviam ser as relações familiares dos outros estudantes? Que valores defendiam? Será que os filhos (as) reproduziam posturas, atitudes e ações que presenciavam em casa? Ou nos filmes vistos?
Será se só a “Janice” é vítima nessa situação?
Janice de certa forma encontrou uma rede de apoio. Quem configura esse papel?
Será que a Janice tinha uma necessidade de ser aceita? Algumas colegas tinham a necessidade de se mostrarem fortes e bem resolvidas? A mãe da Janice tinha uma necessidade de superação da situação social?
Você consegue imaginar outras necessidades que estavam por trás das ações praticadas pelos personagens que aparecem na cena?
Pense agora nos personagens que aparecem no filme. Coloque-se no lugar de um deles. Que pedidos concretos, você faria para a outra parte?
Essa história representa uma violência? Uma situação de bullying?
Com certeza, sim!
A prática do bullying sempre ocorreu no espaço escolar, sendo considerado por séculos como algo natural e comum neste meio de convivência e, portanto, ignorado pelas instituições de ensino e pela maioria da Comunidade Educativa.
Nota-se, porém, que hoje as práticas de bullying vêm tomando lugar de destaque no cenário educacional e sendo alvo de discussão e polêmica por reportagens de jornais, revistas, filmes. E que bom, ainda tema de estudos entre educadores, psicólogos e psiquiatras como diferentes formas de violência velada, intencional e repetitiva praticada por crianças e adolescentes no espaço escolar.
Podemos inferir que no caso Janice a professora fez algumas tentativas de verificar o que estava acontecendo. Mas, ao imaginar o contexto histórico onde passa o filme, ela tinha uma necessidade básica de concluir o conteúdo e manter a disciplina.
Talvez a professora encaminhasse o caso ao “Gabinete da Direção” para amedrontar, ou à Orientação Educacional para investigar e “resolver o conflito” e/ou à Coordenação Disciplinar para “punir” e colocar em prática as regras estabelecidas e impostas.
Talvez, a professora não tivesse um conhecimento sistêmico das relações sociais estabelecidas, onde para entendermos os conflitos é preciso ir além do próprio conflito, do fato em si. Mas buscar a compreensão dos contextos em que os envolvidos se encontram.
Aqui não têm “culpados” pela situação. O que tem é cada parte tentando “talvez” fazer o melhor em seu “pedaço”, com as condições que têm. Com os conhecimentos da área que estudaram ou vivenciam. Mas sem se envolver com o todo.
2.1. O que é bullying
Fonte: http://www.barbafeita.com/2015_05_01_archive.html
A palavra bullying possui origem inglesa derivada do verbo Tobully , significa intimidar, se for apenas a palavra Bully , significa valentão. O conceito de bullying possui um significado universal, considerado como um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento, e executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima.
O bullying não é um problema só do nosso país, mas sim, de uma dimensão internacional.
Uma pesquisa da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA) revela que 41,6% das vítimas nunca procuraram ajuda ou falaram sobre o problema, nem mesmo com os colegas.
Acesse o site da Revista Nova Escola http://revistaescola.abril.com.br/formacao/bullying-escola-consequencias-alvo-610508.shtml
E leia quais as consequências para o aluno que é alvo do bullying .
Vejamos algumas definições da palavra bullying do ponto de vista dos vários autores:
- O bullying apresenta-se de forma velada, por meio de um conjunto de comportamentos cruéis, intimidadores e repetitivos, prolongadamente contra uma mesma vítima, e cujo poder destrutivo é perigoso à comunidade escolar e a sociedade como um todo, pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos. Referimo-nos à fenomenologia bullying como aquela que gera e alimenta a violência explícita e que vem se disseminando nos últimos anos, tendo como resultado nefastos massacres em escolas localizadas nas mais diversas partes do mundo. (Fante, 2005, p.21).
- O bullying trata-se de um comportamento ligado à agressividade física, verbal ou psicológica. É uma ação de transgressão individual ou de grupo, que é exercida de maneira continuada por parte de um indivíduo ou de um grupo de jovens definidos como intimidadores nos confrontos com a vítima. (Constantini, 2004, p.69).
- [...] a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um Bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. Seja por uma questão circunstancial ou por uma desigualdade subjetiva de poder, por trás dessas ações sempre há um Bully que domina a maioria dos alunos de uma turma e “proíbe” qualquer atitude solidária em relação ao agredido. (Silva, 2010, p. 21).
- Segundo a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à infância e a Adolescência (ABRAPIA) a definição de bullying seria os comportamentos que: [...] compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima. (ABRAPIA apud NUNES, HERMANN e AMORIM, 2009, p.).
- Segundo a Lei brasileira em seu Art. 2º: Caracteriza-se a intimidação sistemática ( bullying ) quando há violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda: I - ataques físicos; II - insultos pessoais; III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos; IV - ameaças por quaisquer meios; V - grafites depreciativos; VI - expressões preconceituosas; VII - isolamento social consciente e premeditado; VIII - pilhérias. Parágrafo único. Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores ( Ciberbullying ), quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial. (LEI Nº 13.185, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2015).
2.1.1 Ciberbullying
Na era tecnológica, ainda lidamos com o Ciberbullying , que é um tipo de bullying praticado através da internet que busca humilhar e ridicularizar os alunos, pessoas desconhecidas e também professores perante a sociedade virtual. Apesar de ser praticado de forma virtual, o Ciberbullying tem preocupado toda a comunidade escolar, em especial, pais e professores, pois através da internet os insultos chegam até a escola se multiplicam rapidamente e ainda contribuem para influenciar outras pessoas que conhecem a vítima.
Os meios virtuais utilizados para espalhar difamações e calúnias são as comunidades, e-mails, torpedos, blogs e fotoblogs. Além de discriminar as pessoas, os autores são incapazes de se identificar, permanecendo no anonimato.
Não existe um tipo de pessoa específica para ser motivo de insultos, sendo que a invasão do e-mail ou a exposição de uma foto já é o bastante. Em relação a colegas de escola e professores, as difamações são intencionadas e visam mexer com o psicológico da pessoa, deixando-a abatida e desmoralizada perante os demais.
O Ciberbullying é feito de forma anônima nas diversas redes sociais, através de e-mails ou de torpedos com conteúdos ofensivos e caluniosos.
No Ciberbullying existe também:
- A intencionalidade do agressor.
- O desequilíbrio de poder.
- A repetição.
2.1.2 Tradução para a palavra bullying
Em nosso país, o termo bullying não recebeu uma tradução direta, por não existir em nosso idioma nenhuma palavra que tenha o significado tão abrangente.
Na Itália, a tradução do termo que engloba o significado de tantos atos de violências, é “ prepotenza ”.
Em Portugal, o termo é “ maus-tratos entre pares ”.
Em alemão “ agression unter schülern ”
Para os ingleses, bullying é comumente usado para descrever uma forma insistente e importuna, de alguém que, de alguma forma, tem condições de exercer o uso do seu poder sobre outro alguém ou sobre um grupo mais fraco.
O que podemos perceber é que o bullying não é um conflito normal ou brigas que ocorrem entre estudantes de vez em quando.
Embora com palavras diferentes, podemos elencar alguns pontos em comum nos conceitos apresentados pelos autores:
- Atos de intimidação preconcebidos. Atos agressivos;
- Ameaças, violência física e psicológica de forma repetida e intencional;
- Impostos a indivíduos particularmente mais vulneráveis e incapazes de se defenderem. Relação de Poder;
- Intuito de intimidar, amedrontar, aterrorizar e denegrir a imagem da vítima;
- Leva a uma condição de sujeição, sofrimento psicológico, isolamento e marginalização.
2.1.3 bullying Direto e Indireto
Alguns autores classificam o bullying , em dois tipos: o direto e o indireto.
Direto: existe a identificação do autor dos insultos ou das agressões. O agressor é o praticante da ação.
Indireto: a ação é praticada por outras pessoas que não o mentor das agressões. O mentor pede para outra pessoa intimidar, espalhar fofocas, provocar etc. Dentro dessa modalidade de bullying indireto que ocorre o Ciberbullying .
Algumas práticas de maus tratos podem tornar-se bullying de forma direta ou indireta e, quase sempre, a vítima sofre estes desrespeitos de mais de um agressor, o que contribui para a evasão escolar e também sua exclusão social.
Seguem algumas formas e palavras que podem apresentar ações de bullying :
Formas |
Ações de bullying |
Verbais |
Colocar apelidos, insultar, ofender, xingar, fazer gozações, fazer piadas e zoar. |
Físicas e Materiais |
Bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar ou destruir pertences da vítima e atirar objetos contra a vítima. |
Psicológicas e Morais |
Irritar, humilhar, ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar, discriminar, aterrorizar, ameaçar, chantagear, intimidar, difamar, fazer fofocas. |
Formas Sexuais |
Abusar, violentar, assediar, insinuar. |
Formas Virtuais Ciberbullying |
Os agressores se utilizam dos avanços tecnológicos para propagar avassaladoramente as difamações e calúnias. Na atualidade, uma das violências mais difíceis de serem contornadas. |
O psicólogo norueguês Dan Olweus (1978) da Universidade de Bergen, foi pioneiro em pesquisas sobre bullying , incluindo a relação entre suicídio e bullying .
O autor percebeu três características constantes no que diz respeito ao bullying :
- As ações se repetem.
- O agressor tem a intenção de causar dor física ou emocional à vítima.
- O agressor tem mais poder ou força que a vítima.
Navegue pelo blog bullying Escolar para conhecer o conteúdo e ler informações sobre o Dr. Dan Olweus, pioneiro em pesquisas sobre bullying . Acesse http://edu-bullyingescolar.blogspot.com.br/2012/12/dr-dan-olweus-pioneiro-em-pesquisas.html
2.2 O que não é bullying
Há uma grande tendência de que as pessoas acreditem que todas as atitudes violentas acontecidas na escola são bullying , tendo em vista a complexidade dele. Por isso, a importância de estudar sempre mais o tema, para poder separar uma brincadeirinha tipicamente realizada em certa idade de “brincadeiras” inconsequentes, sem falar nas mais diversas formas de violências utilizadas.
Basta que apenas uma das três características mencionadas anteriormente não esteja presente para que a ação NÃO seja considerada bullying .
Alguns exemplos: discussões ou brigas pontuais. Conflitos pontuais entre professor e aluno ou aluno e gestor. Portanto, caso o estudante se desentenda com seu amigo de vez em quando ou discuta com um colega por causa de uma brincadeira, ou deixar de falar com uma amiga por alguns dias, isso não bullying .
A atenção deve ser redobrada quando se tratar de discriminação, visto que este é um problema social e também pode ser uma ação de bullying caso seja realizada repetidamente e sem motivos claros para justificar os ataques.
Assista ao vídeo “Comportamento: o que é e o que não é bullying” e amplie seu conhecimento sobre essa diferença.
2.3. O que nos diz a Lei para casos de bullying e Ciberbullying
Por desrespeitarem os princípios constituintes, a conduta de quem pratica bullying configura ato ilícito e gera, pelo Código Civil, dever de indenização. Podendo também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, visto que as escolas são prestadoras de serviço aos consumidores e, portanto, responsáveis por atos de bullying que ocorram em seu contexto.
No Brasil, em novembro de 2015, a Presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei contra bullying e Ciberbullying .
Leia no site Blasting News a matéria “Lei anti-bullying já esta em vigor na volta às aulas 2016” http://br.blastingnews.com/educacao/2016/02/lei-anti-bullying-ja-esta-em-vigor-na-volta-as-aulas-2016-00786927.html
Mas a Lei não tem caráter apenas punitivo, propõe programas e projetos de prevenção e coloca qual é o papel da escola nesse contexto.
2.4. Causas e origens do bullying
O bullying não pode ser analisado de forma descontextualizada. Precisamos levar em consideração que ocorrem muitas mudanças em nossos hábitos de vida e que estes influenciam o nosso modo de agir.
Na perspectiva de compreender o fenômeno e encontrar saídas, muitos estudos estão sendo desenvolvidos nos mais diversos aspectos: familiar, social, cultural, afetivo e emocional. E por muitas correntes e áreas: pedagógica, psicológica, antropológica, filosófica. E com isso apontam para muitos aspectos que devemos nos atentar: maus tratos dos pais, carência afetiva, ausência de limites ou permissividade, muita exposição às cenas de violência por meio das várias mídias, a falta de projeto de vida. E como já falamos na abertura do nosso curso, temos presente a competitividade, o individualismo, a dificuldade de se colocar no lugar do outro, a falta de modelos educativos e da presença do adulto com valores que sejam capazes de fundamentar a vida toda.
E não estamos aqui dizendo que devemos ser conhecedores profundos de todas essas áreas. Mas é preciso saber que elas estão presentes nos contornos dos conflitos.
Lembre-se do caso “Janice” e tente refazer a sua análise tendo por base todos esses aspectos.
Não precisa ter motivos para que os ataques de bullying sejam feitos. Eles nem sempre surgem de brigas, nem de discussões ou conflitos entre as partes.
Aqui faremos uma breve colocação sobre alguns aspectos:
Família
É preciso levar em consideração as novas configurações familiares e que essas trazem inúmeros desafios e inclusive são causas para bullying na escola.
Leia a matéria “Novas configurações de família trazem desafios de lidar com realidades distintas e multiplicidade de amores”, publicada no site Saúde Plena.
A educação familiar é a principal responsável pela formação das atitudes filhos/estudantes. Mas uma boa parte das famílias tem transferido à escola essa função. Cobrando seus direitos e nem sempre cumprindo os deveres.
Algumas famílias têm muita dificuldade de colocar limites para os filhos. E colocar limites é educar para a vida.
Isso pode ser aprendido com Dom Bosco e o Sistema Preventivo: razão, religião e amorevolezza ( amabilidade).
Entre dois e quatro anos de idade já é necessário estabelecer regras de convivência, por meio das brincadeiras e jogos. Onde serão trabalhados hábitos saudáveis, capacidade de resolver problemas, estímulo às relações afetivas, lidar com frustrações e principalmente a CONVIVER. E com isso canalizar toda a “agressividade negativa” e transformá-la em assertividade. Já que precisamos de uma dose diária de agressividade para sobreviver.
Para entender de onde vêm alguns comportamentos agressivos e intimidatórios é preciso entender as fases de desenvolvimento das crianças. E várias áreas podem contribuir e serem aliadas nesse processo de compreensão.
Leia o texto publicado no portal Mundo do ABC, sobre as fases do Desenvolvimento Infantil (0 a 6 anos) http://mundodoabc.com.br/index.php/blog/69-fases-do-desenvolvimento-infantil-0-a-6-anos
Existem muitos casos familiares em que as crianças nas fases iniciais de formação são violentadas, cobradas, criticadas, repreendidas, punidas. Não recebem elogios e estímulos. E com certeza essa criança terá muito mais possibilidade de reproduzir o que recebeu.
Mudanças Sociais
Podemos observar a grande influência das mudanças sociais no desencadeamento do bullying e Ciberbullying .
Causas
Ninguém nasce praticando bullying . E por vezes o agressor já foi vítima de um Bully em algum momento de sua vida, podendo ser os próprios pais, outros parentes ou até mesmo professores.
Infelizmente, o bullying acaba sendo um ciclo que se repete.
Segundo especialistas, muitas podem ser as causas que levam uma criança ou jovem a cometer bullying :
- Desejo por atenção: Por exemplo, crianças que não recebem suporte emocional em casa podem tentar chamar a atenção de maneiras negativas.
- Ciclo de abuso: Algumas crianças apenas repetem comportamentos testemunhados em casa.
- Influência da mídia: Programas de televisão, videogames, páginas da Internet e músicas populares possuem aspectos que encorajam ou mesmo veneram comportamentos violentos como meio de se afirmar.
- Desejo por controle: Existem muitas crianças que vivem em situações familiares indesejáveis, ou se encontram em condições abusivas. Na tentativa de exercer algum controle sobre suas vidas, elas tentam manipular os outros, usando até mesmo ameaças e provocações.
- Participação em gangues: Tanto em cidades pequenas como grandes, as crianças procuram aceitação por meio de participação em gangues. Isso é especialmente comum para jovens que vivem em famílias cujos integrantes participam de gangues. As gangues geralmente usam ameaças e intimidações para iniciar novos recrutas, e continuam a usar esses métodos para lidar com gangues rivais.
Essas situações são, inevitavelmente, transferidas para o ambiente escolar.
Outra questão que pode dificultar a identificação da prática do bullying escolar é que, em inúmeras ocasiões, as ações costumam serem vistas como brincadeiras normais do cotidiano, próprias à idade infantil ou adolescente.
2.5 Consequências do bullying
É preciso estar atentos às brincadeiras, pois várias pesquisas têm demonstrado que essa prática acarreta muitos danos aos envolvidos. Para uns mais que outros.
Fonte: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=8&infoid=791
Fonte: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2010-08-01_2010-08-31.html
Algumas consequências do bullying
- Estresse: o qual é o maior responsável por muitas doenças da atualidade, pois diminui a imunidade e amplia os sintomas psicossomáticos e que quase sempre aparecem na hora do estudante ir à escola. (Dor de cabeça constante, de estômago, náuseas, dor de barriga, perda ou ganho de peso, etc). Pode até levar a um Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT).
- Síndrome ou Transtorno do pânico: medo intenso e sem fundamento aparente que surge do nade e sem nenhum aviso. Taquicardia e medo de ter medo;
- Fobia Escolar: medo de ir à escola. O que poderá causar transtornos de atenção e concentração. Baixo rendimento escolar ligado a problemas de aprendizagem. Evasão escolar. E quem deixa de ir à escola perde uma grande chance de (re)construir seu projeto de vida. Desenvolver seus talentos.
- Fobia Social: faz sofrer de ansiedade excessiva e persistente. Teme ser o centro das atenções;
- Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): medo e uma ansiedade sem fim. Preocupação com tudo que acontece ao seu redor;
- Depressão: tristeza persistente, ansiedade e vazio, culpa, desânimo, perda de interesse por coisas que antes despertavam prazer;
- Anorexia e Bulimia: transtornos alimentares evidenciados pelo excesso. Na anorexia tem uma distorção da autoimagem. Na Bulimia acontece a ingestão demasiada de alimentos e em seguida a tentativa de expulsá-los;
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): mais conhecido como mania. Caracterizado por pensamentos ruins, obsessivos. Comportamentos repetitivos, sistêmicos e ritualizados;
E outras consequências que nem sempre são ligadas a um transtorno:
- Baixa autoestima;
- Se juntar a gangues ou grupos de ódio para se sentir aceito;
- Automutilação para aliviar a dor causada pelo sofrimento emocional;
- Buscar conforto nas drogas;
- Necessidade de vingança;
- Ter falta de confiança;
- Ter comportamentos de isolamento;
- Ideias de vingança e/ou suicidas;
- Agressividade e dificuldades de relacionamento social;
- Quadros menos frequente: Esquizofrenia. Homicídios e até mesmo o suicídio.
É claro que em muitos casos apresentados anteriormente podem ter marcações genéticas consideráveis herdadas de algum parente próximo. Mas o ambiente externo, as pressões, situações de vulnerabilidade, podem causar transtornos graves.
Precisamos estar atentos ao bullying , para que não tenha a necessidade de intervenções médicas e psicológicas para serem superadas.
Talvez, a pior consequência do bullying para a vítima é a sensação de inexistência, inexpressividade, de sentir-se invisível e sem importância.
2.6 Personagens da ação do Bullying
Pausa para o vídeo
Assista ao vídeo “Android Rock, Pedra, Papel, Tesoura e uma alfineta da Google na Apple”. Com um minuto de duração, o filme Pedra, Papel e Tesoura, apresenta uma história de três personagens que não possuem nada em comum se unindo para combater o Bullying.
Pensando no caso “Janice” e no vídeo “Pedra, papel, tesoura”, tente identificar os personagens a seguir.
De acordo com Silva (2010), são três os personagens na ação do bullying:
As vítimas do bullying, em geral, fogem do padrão imposto por um determinado grupo de alunos, sendo pelo seu caráter físico, (altura, peso, imperfeições físicas), raciais, culturais, regionais, geralmente são inseguras, e possuem dificuldades de se expressar em grupo e na coletividade. Os atingidos não conseguem reagir aos ataques e as agressões, tornando-se alvos mais fáceis de coagir.
Os praticantes podem agir só ou em grupo, provocando a violência com o intuito de obter imagem pessoal única, passando-se por “fortão” ou “valentão”, tendo a sensação de estar popular, demonstrando em sua personalidade traços de desrespeito e maldade. Para a autora, o agressor pode ter origem social em lares desestruturados e pode ser uma pessoa que não recebeu a atenção devida quando necessitava, não conseguindo transformar sua raiva em diálogo.
Os personagens expectadores são partícipes da situação ao não intervir para evitar as agressões. Podem não participar diretamente do conflito, mas são fundamentais para a continuidade do ato, pois testemunham as agressões e não defendem o agredido, nem se juntam aos agressores. A autora coloca ainda que nestes acontecimentos os personagens expectadores são partícipes da situação ao não intervir para evitar as agressões. Podem não participar diretamente do conflito, mas são fundamentais para a continuidade do ato, pois testemunham as agressões e não defendem o agredido, nem se juntam aos agressores. (Silva, 2010. p.40)
Alguns fatores dificultam a defesa das vítimas, como por exemplo: estar em minoria, ter estrutura física menor, pouca habilidade de defesa e de lidar com casos estressantes e desagradáveis e sentirem muito medo.
A lei do silêncio impera entre as vítimas, principalmente por falta de apoio e compreensão, por medo, por vergonha de se expor e de sentir incompetente ou fracote.
Poucas vítimas desenvolvem um sistema de defesa o que permite a superação do problema: dedicam-se a fazer o que gostam, como estudar ou outras atividades.
Meier e Rolim (2013) apresentam um perfil dos envolvidos no bullying:
Agressores diretos: estudantes dão início às agressões, exercendo o papel de líderes.
Seguidores: embora não iniciem ou encabecem a agressão, aprovam o comportamento do líder e têm relação com os atos de bullying.
Apoiadores ou agressores passivos: apoiam abertamente os agressores diretos, seja rindo da vítima, seja chamando outras pessoas para assistirem aos atos de bullying. Não executam as agressões.
Apoiadores passivos ou possíveis agressores: são os que aprovam as ações de bullying, mas não externalizam seu apoio.
Expectadores desengajados: esses estudantes não tomam uma posição nem participam ativamente das agressões. São considerados “em cima do muro”, e compartilham da opinião “isso não é problema meu”.
Possíveis defensores: desaprovam os atos de bullying e desejam ajudar a vítima a sair da situação de humilhação e medo em que ela se encontra. Entretanto, não efetivam nenhuma ação de auxílio.
Defensores: os defensores são os que, além de desaprovarem o bullying agem para tentar ajudar a vítima. (Meier e Rolim, 2013. p.35)
Infelizmente, a conduta dos praticantes de bullying pode ser identificada em qualquer idade e/ou nível de escolaridade.
Como você atua em escolas de diferentes seguimentos e fases, com certeza já percebeu comportamento manipulador e abusivo entre os 3 e 4 anos de idade, assim como deve ter percebido a passividade, a submissão e a falta de defesa. Mas em geral o papel dos protagonistas fica mais definidos entre o 6º e 9º anos e é nesta fase que temos mais incidência do bullying. Mas também existem casos em que os estudantes das séries mais avançadas intimidem os de séries anteriores, pedindo para pagar lanche, pegar pertences, ameaças etc.
Você também percebe isso na escola onde atua?
Leia o artigo “Um Estudo sobre Bullying entre Escolares do Ensino Fundamental”, de Marcos Vinicius Francisco & Renata Maria Coimbra Libórioa. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722009000200005
Leia o livro “Bullying: mentes perigosas na escola”, de Ana Beatriz Barbosa Silva, disponível em:
Pensando no seu papel na escola onde atua hoje:
- Faça uma relação de casos que tenha atendido nos últimos meses. Liste-os livremente como em uma “tempestade de ideias e de lembranças”.
- Agora, separe esses casos em três blocos. O que é Bullying. O que não é (ou não foi) Bullying. O que não foi Bullying, mas pode vir a se tornar, se não for cuidado.
- Escolha um dos casos de Bullying e identifique os personagens existentes, de acordo com Meier e Rolim.
Em nossa aula 2, trouxemos o conceito e os tipos de Bullying e tratamos da tradução da palavra Bullying no Brasil e em outros países. Abordamos ainda o que não é bullying. Você ficou sabendo que hoje o Brasil já tem uma Lei que oferece caminhos às escolas para tratar desse tema tão polêmico. Foram apresentadas as causas e origens do Bullying. E que o Bullying tem consequências muito variadas, para todos os envolvidos na ação.
Quantos sentimentos esse tema deve ter despertado em você, não é mesmo?! Identifique esses sentimentos e vamos em frente!