AULA 04
clique abaixo para navegar
Para iniciar a nossa quarta aula, leia, ou releia com outro olhar, o livro infantojuvenil de Ruth Rocha, “Quando a Escola é de Vidro”, e depois responda às três questões. Poderá acessar o livro pelos links a seguir:
http://www.slideshare.net/maristelamafort/escola-de-vidro1-2996597
- Quais relações você estabelece com a sua experiência pessoal, profissional e com os conteúdos estudados até agora?
- Quais os sentimentos despertados em você a partir da história relatada no livro?
- Que tipo de convivência, esta escola aparenta ter?

Fonte da imagem :https://ccbela.wordpress.com/2012/09/25/quando-a-escola-e-de-vidro-ruth-rocha/
Muitas vezes é necessário, explicitarmos alguns conflitos, para que busquemos soluções ganha-ganha. Mas também é preciso saber técnicas pedagógicas para ajudar a resolvê-los. Vamos entender mais sobre algumas delas.
4.1 Resolvendo conflitos: Negociação e Mediação
Fonte: http://ama-npj.blogspot.com.br/
SEIDEL (2007) nos indica que o objetivo básico da resolução não violenta de conflitos é a transformação das pessoas de peças de um conflito em sujeitos no conflito. Os conflitos têm uma lógica e as formas de resolução não violenta trazem a possibilidade de tratar com racionalidade os conflitos. Proporcionam o resgate de cada envolvido, como alguém capaz de obter acordos, de estabelecer pontes, enfim, de compreender. Portanto, trata-se de construir um acordo no qual as partes envolvidas sejam beneficiadas: esquema vitória-vitória ou ganha-ganha.
Conforme estudou na aula 1, vivemos numa sociedade que deseja que, em um conflito, haja um ganhador e um perdedor. A meta é vencer o adversário, ou detê-lo: esquema vitória-derrota ou ganha-perde. Há uma tendência muito forte a escamotear o conflito ou passar por cima dele.
As figuras do pai, do líder, do mestre são daqueles que protegem seus filhos, liderados e alunos das dificuldades do conflito.
É uma perigosa tradição que deixa as pessoas totalmente despreparadas para lidar com as dificuldades que os conflitos trazem.
Lembram-se das 3 maneiras de resolver o conflito? Pois bem, a resolução não violenta de conflitos não é a fuga do conflito, não é buscar a resignação ou submissão da parte mais fraca, impedindo que esta expresse seus verdadeiros sentimentos, opiniões e emoções. E muito menos resolver de forma violenta.
É diferente também da arbitragem, que é feita de cima para baixo por uma autoridade para impor uma solução ou manter a situação vigente.
Existem pelo menos cinco processos consagrados de resolução de conflitos:
- Resolução Judicial.
- Arbitragem.
- Conciliação.
- Mediação de Conflitos.
- Negociação de conflitos.
Nesta aula, aprofundaremos os processos da Negociação e Mediação de Conflitos.
Infelizmente, na maioria dos casos, as partes envolvidas no conflito passam da negociação diretamente para a resolução judicial, sem procurar alternativas. E assim perdem a oportunidade de manter algum controle sobre a resolução do conflito tornando-se peças do conflito e não sujeitos.
A característica fundamental da mediação e negociação é a participação das partes envolvidas, como sujeitos competentes, mediante o uso do diálogo, na busca de um consenso ou de uma solução vitória-vitória ou ganha-ganha. Que significa que todos sairão vitoriosos do processo de mediação ou negociação.
As soluções do tipo ganha-ganha caracterizam-se por atender, ao mesmo tempo, as exigências do eu (assertividade) e do outro (compreensão). O que pede, por um lado, um autoconhecimento e um autêntico conhecimento e escuta ativa do outro.
Muitas vezes, tendemos a projetar nossas próprias sombras nos outros, criando e inventando inimigos. Nossa mente cria medos, ódios, invejas, ciúmes, rancor. Só poderemos saber o que a outra parte pensa, se perguntarmos claramente. Idem para nossos sentimentos. A outra parte só saberá se formos sinceros e verdadeiros com o que estamos sentindo.
Antes de prosseguir, relaxe um pouquinho, assistindo ao curta da PIXAR sobre Lealdade verdadeira e interpretação dos sentimentos dos outros.
WARAT (2001) complementa essa ideia ao destacar que as pessoas aprendem a simular tudo. Quando entram na raiva, sorriem. São falsas, mesmo com raiva, mentem. Toda a vida é uma mentira contínua. Seu amor não merece crédito, pois sua raiva também não merece.
Fonte: http://lifeisdrag.blogspot.com.br/2012/03/mascaras.html
Temos que impedir que esses sentimentos (que nos fazem sofrer) criem conflitos. Eles têm que ser vividos, temos que passar por eles. Os sofrimentos devem ficar na periferia de nosso ser, assim evitamos fazer do sofrimento uma tortura contínua para nossa alma. (WARAT, 2001,p.28)
Analise o quadro a seguir, que nos apresenta o resultado que podemos obter a partir da compreensão e da assertividade (SEIDEL, 2007, p.23).
|
Assertividade + (quando a pessoa consegue expressar de forma verdadeira o que quer e o que está sentindo) |
Assertividade - (quando a pessoa não consegue expressar o que quer, nem o que está sentindo) |
Compreensão + (quando a pessoa consegue entender os sentimentos e o que a outra pessoa quer) |
ganha-ganha resposta colaborativa |
perde-ganha resposta acomodativa |
Compreensão – (quando a pessoa não consegue entender os sentimentos e o que a outra pessoa quer) |
ganha-perde resposta competitiva |
perde-perde resposta evitativa |
Quando, no processo da busca de soluções, existe a Compreensão e a Assertividade, a resposta é GANHA-GANHA. “Temos diferenças, mas podemos encontrar soluções”, “Vamos tentar resolver isso juntos?” As partes ouvem com atenção, falam dos sentimentos, falam do que necessitam. E temos uma resposta colaborativa.
Quando de um lado não existe a compreensão, mas tem a assertividade, chega-se uma resposta GANHA-PERDE. A resposta é competitiva. Um lado não aceita, não compreende e não entende os sentimentos e o que a outra parte quer. Mesmo que a outra parte esteja expressando de forma verdadeira o quer e o que está sentindo. “isso não é verdadeiro... eu sempre fiz tudo que podia...”
Ao contrário, quando existe a compreensão, mas não existe a assertividade. Temos um resultado PERDE-GANHA, resposta acomodativa. A parte que não tem assertividade, geralmente responde de forma evasiva ” tá bom... vamos resolver isso logo...já que não tem outro jeito... como você quiser, esquece, tá tudo bem”. As ações das partes geralmente são de calar, sair ou fingir que não aconteceu nada.
E por fim, quando não existe nem a compreensão e nem a assertividade, todo o processo está perdido. O resultado é PERDE-PERDE. Com respostas evitativas. “Não quero falar mais sobre o assunto... chega desse negócio de sentimentos...”. Pode existir, inclusive, ameaça.