bullying e Mediação de Conflitos
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Aula 5 – Quem é o mediador de conflitos na Escola

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Aula 5 – Quem é o mediador de conflitos na Escola

 

Iniciemos a nossa quarta aula assistindo ao curta da Pixar: Convivência.

Será que vivemos conflitos semelhantes em nossas escolas? Quais são os sentimentos daqueles (as) que não são aceitos pelo grupo? O que faz com as pessoas utilizem qualquer estratégia para não aceitar o novo? O que vimos, pode ser considerado um caso de Bullying? Como o mediador de conflitos deveria atuar em situação como essa? O mediador de conflitos tem um papel muito importante na escola. E a resolução não-violenta de conflitos é uma forma de cultivar uma escola segura e cidadã. Pensando nas situações, seguiremos em nossa quinta aula.


5.1 Quem é o Mediador de Conflitos na Escola


Quando estudamos o conceito de mediação de conflitos, vimos que uma figura fundamental para que o processo de mediação aconteça é o mediador. Mas quem é o mediador? Qual é o seu papel? Quem poderá ser esse mediador de conflitos na escola?

Para entendermos melhor o papel do mediador, é interessante destacarmos, primeiramente, o que o mediador não é:

  1. O mediador não é juiz, porque nem impõe um veredito, nem tem o poder outorgado pela sociedade para decidir pelos demais;
  2. Não é um negociador que toma parte na negociação, com interesse direto nos resultados;
  3. Não é um árbitro, pois não emite nenhum parecer técnico, nem decide nada.

Para WARAT (2001) um bom mediador não é aquele que aprende técnicas periféricas e estereotipadas de comunicação. Já que a mediação não é uma ciência que pode ser explicada, ela é uma arte que tem que ser experimentada. O mediador não é um mago, que poderá acalmar as partes com seus truques. Para ser mediador, é preciso ascender a um mistério que está além das técnicas de comunicação e assistência a terceiros.

Agora que já sabemos o que o mediador não é, podemos tentar definir melhor o seu papel: este é um terceiro imparcial, mas participante, aceito pelas partes, que busca facilitar o diálogo durante o processo de mediação.

Embora na escola formalmente “Mediar” Conflitos seja um papel do orientador educacional ou um papel atribuído ao coordenador disciplinar, todos podem e devem exercer o papel de mediador de conflitos. Melhor ainda se o processo de Mediação de Conflitos estiver previsto no Projeto Pedagógico Pastoral.

Relembrando o Papel do Orientador Educacional, vimos que Batalloso (2011) confere uma grande importância às funções do Orientador educacional, e diz que elas não podem ser divididas ou parceladas, mas sim integradas em um processo global de desenvolvimento pessoal, social e comunitário em que educadores e educandos participam, trabalham e se ajudam para poder crescer e se desenvolver profissional, social e pessoalmente.

O orientador tem dentro de suas funções uma perspectiva integrada das funções de Prevenção, Desenvolvimento e Intervenção. Os Orientadores Educacionais como “agentes transformadores” e com “flexibilidade autêntica” terão possibilidades de mediar conflitos, mas principalmente atuar em redes.

Batalloso (2011) apresenta que a atividade de orientar envolve muitas ações e operações encadeadas e relacionadas entre si, e também porque a atividade de orientar não está restrita exclusivamente a agentes especializados.

O autor afirma ainda que a orientação seja uma tarefa de todos os profissionais da educação, já que sua natureza é inerente ao de ensinar e de educar, sendo, além disso, uma tarefa coletiva, de relação, de intercâmbio, de diálogo, de ajuda mútua, na qual, mesmo não querendo, estamos todos implicados.

Como a tarefa de orientar é função de todos os profissionais da educação, assim também mediar conflitos e trabalhar a Cultura de Paz é tarefa, função e até “obrigação” de todos os envolvidos no processo educativo. Como já abordado, o ORIENTADOR EDUCACIONAL pode ser o motivador e propositor do Programa.

 

Fonte: http://www.londrinapazeando.org.br/
Conteudo/Detalhes.aspx?pid=79&id=544&t=CARTILHA+DE+CULTURA+DE+PAZ
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Princípios e atitudes

Aprofundemos nossos estudos sobre os princípios e atitudes que devem ser adotados por esse importante facilitador de diálogo. O mediador deve, primeiramente:

  1. Julgar se recebeu formação adequada para atuar no processo e, caso negativo, deve buscar capacitação adicional ou mesmo prática supervisionada de mediação de conflitos. É importante, inclusive, que a capacitação inclua o conhecimento básico da legislação nacional (legislação escolar, ECA...), para evitar que direitos fundamentais sejam desrespeitados durante o processo de mediação;
  2. Antes de submeter o caso à mediação de conflitos, observar se, de fato, aquele conflito pode ser mediado. Lembre-se de que em situações nas quais há um grande desequilíbrio de poder entre as partes ou quando faltar capacidade a uma das partes para a construção conjunta de soluções, a mediação deve ser evitada. Também em contextos de violência e crime, cuidados especiais devem ser tomados para a mediação e esta deve ser preferencialmente realizada em articulação com o poder judiciário ou mesmo o caso deve ser encaminhado para as autoridades formalmente instituídas. A mediação também não deve ser realizada quando as partes não desejarem adotar esse processo para o conflito em questão.
  3. Verificar se possui legitimidade para atuar como um terceiro imparcial aceito pelas partes, naquele conflito. No caso da escola, quase sempre, precisamos nos fazer aceitos. Pois o processo de Mediação acontece por força da função.

5.2. Limites da Mediação e do mediador

Segundo NASCIMENTO (2007), nem todos os conflitos podem ser mediados. Muito embora a mediação auxilie na solução de vários tipos de conflitos, ela tem limites.

Nem todos os conflitos são mediáveis: por exemplo, em questões familiares, em que as partes relatem violência física contra a mulher, abuso sexual infantil, ou qualquer outra modalidade de crime, deve o mediador encaminhar as vítimas aos órgãos competentes. Muitos estudantes, por terem confiança nos profissionais da escola, podem relatar casos como os descritos.

O poder do mediador é limitado: o mediador deve sempre lembrar que ele é um facilitador do diálogo e não deve deturpar o seu poder, deixando-se cair nas armadilhas da dominação, da manipulação das partes, de imposição das soluções para o conflito, do abuso do poder e demonstração de força ao longo do processo de mediação.

A armadilha da falsa autoridade: o mediador não desempenha a função       de juiz, promotor, delegado, árbitro, ou qualquer outra autoridade.

A armadilha de ser terapeuta: embora a mediação de conflitos contribua para o bem-estar das partes, o mediador não é terapeuta das partes, mesmo que tenha conhecimentos interdisciplinares que envolvam informações sobre direito, comunicação e psicologia. SEIDEL (2007) apresenta alguns problemas que podem ser encontrados no processo de mediação.

Problemas pessoais

 

Problema

Por que acontece?

Como prevenir?

Solução possível p/ a mediação

Irritação.

A pessoa necessita expressar publicamente suas preocupações.

Reunir-se, em separado, para que a pessoa desafogue seus sentimentos antes das reuniões conjuntas.

Pré-mediação.

Estabelecer regras que guiem e controlem os comportamentos: fazer pausas com frequência.

Clima de acusações mútuas.

Intenção de culpar a outra parte e impor seus próprios critérios.

Estabelecer uma regra que proíba a atribuição de intenção, a menos que se possa provar.

Levar a sério a norma que impede acusações.

Falta de entendimento.

Não existe comunicação: prioridades distintas em relação aos pontos a serem tratados.

Estabelecer a norma de que, enquanto uma pessoa fala, a outra escuta.

Utilizar a escuta ativa e a paráfrase.

Pouco ânimo.

Não existem objetivos realizáveis em curto prazo.

Fixar metas possíveis: começar com um ponto fácil de resolver.

Elaborar conjuntamente uma lista de pontos já conquistados ou de aspectos positivos do processo e da relação.

Clima de procurar culpados e machismo.

Discriminação, desprezo.

Ressaltar a importância de centrar-se nos problemas concretos, ao invés de nas pessoas. Estabelecer uma regra que proíba o insulto, o rótulo e o preconceito.

Pedir às partes que se centrem sobre os problemas concretos e não sobre as pessoas. Explicar que as atitudes de culpar, ofender, insultar, etc., só atrasam e dificultam o processo de reconciliação.

Uma pessoa que não se expressa.

Medo, ou desequilíbrio de poder, ou timidez.

Promover a autoestima e a confiança da parte mais fraca. Treinando com ela para que fale por si mesma.

Falar em particular com a parte mais fraca. Ajudá-la a expressar o que deseja.

 

Problemas com o processo

 

Problema

Por que acontece?

Como prevenir?

Solução possível p/ a mediação

Dispersão na hora de falar. Muitos assuntos de uma vez.

Não está claro o objetivo do processo. Confusão na hora de fixar os objetivos.

Estabelecer um processo claro, detalhado, que identifique a meta e o modo de consegui-la.

Identificar a meta, pedir que somente se fale dela; se o objetivo é complexo, separar em partes menores.

Dificuldade de tomar decisão.

O objetivo não está claro. Ninguém resume o dialogado.

Pedir que cada pessoa tome a responsabilidade de resumir o que se vai dialogando; estabelecer um processo claro, com passos para se chegar a uma decisão.

Pedir disponibilidade na tomada de decisões.

Todos falam ao mesmo tempo.

Não há escuta ativa.

Estabelecer turnos de intervenção. Pedir que cada parte que escuta resuma o que escutou antes de falar.

Recordar a regra de que unicamente fala uma pessoa de cada vez.

 

Problemas com o problema

 

Problema

Por que acontece?

Como prevenir?

Solução possível p/ a mediação

Fixação nos posicionamentos.

Posturas irredutíveis.

Fixação na posição e não exposição dos interesses.

Antes da reunião conjunta, buscar e ampliar alternativas baseadas nos interesses.

Provocar uma chuva de ideias.

Não se colocam de acordo em um ponto insignificante.

Desejo cego por um ponto, por honra ou por amor próprio.

Recordar às partes o objetivo global.

Perguntar se o ponto obsessivo é tão importante a ponto de ameaçar todo o processo.

Discute-se sobre diferentes valores.

Perspectivas distintas que aparecem como incompatíveis.

Começar identificando possíveis valores comuns.

Chegar ao acordo de estar em desacordo em relação a alguns valores. Buscar uma decisão aceitável para todos.

 

Antes de prosseguirmos, leia os textos a seguir para ampliar seu entendimento sobre posição e interesse.

Fonte: http://variasanas.blogspot.com.br/2010/11/laranjas-comidas-e-afins.html

Texto 1:

Vocês fazem parte do quadro de cientistas de um grande Laboratório multinacional, Labosaúde, que está prestes a descobrir uma droga que será a solução definitiva para a cura da AIDS. Estão dependendo apenas de uma matéria prima rara, a casca da laranja Ugli, muito difícil de ser encontrada no mercado, porém acabaram de descobrir um produtor de laranjas Ugli, que tem uma produção abaixo das necessidades do Labosaúde, mas devido à grande dificuldade de se conseguir esta espécie rara de laranjas, é uma grande descoberta e o Laboratório empenhará todos os seus esforços para que esta produção seja integralmente fornecida para este grandioso projeto. Fechar negócios com esse produtor será a solução para que o Labosaúde resolva todos os seus problemas financeiros e assuma expressão no mercado mundial pela grande descoberta...

 

Texto 2:

Vocês fazem parte do quadro de cientistas de um grande laboratório: Labormed, que acaba de descobrir uma droga que previne e cura de qualquer tipo de câncer. O grande drama está sendo em relação a matéria prima que é o bagaço da laranja Ugli, para confecção da droga. Acabaram de ter notícias de um produtor cuja produção inteira viria atender a necessidade do laboratório para colocar no mercado uma droga que iria prevenir e aliviar o sofrimento de muitas pessoas. O grande desafio do Labormed é convencer esse produtor de laranjas tão raras e valorizadas, a fornecer toda sua produção em benefício deste projeto, que será um grande benefício para a humanidade além de lançar o Labormed entre os maiores Laboratórios do mundo...

 

Tente imaginar como seria a negociação desses dois grupos. Seria fácil? Tantas questões em jogo...

Com certeza, levariam horas tentando convencer um ao outro a vender por melhor preço.

Você conseguiu perceber qual a posição do grupo do texto 1? Queriam as laranjas Ugli.

E a posição do grupo do texto 2 ? Queriam as laranjas Ugli.

E por isso “brigarão” por muito tempo, se não fossem sinceros em seus interesses.

Interesse do grupo 1: A Casca da laranja Ugli.

Interesse do grupo 2: O Bagaço da laranja Ugli.

 

Quanta energia, desgaste, dinheiro seria economizado com a evidência imediata dos interesses.

 

Esse é papel do mediador, quando as partes ainda não identificaram o real interesse no conflito.

 

>Leitura Obrigatória

Leia o capítulo 5 (Assumindo a responsabilidade por nossos sentimentos) do livro “Comunicação Não Violenta”

https://we.riseup.net/assets/197839/comunicaonoviolenta-marshall-rosenberg-cnv-121019163758-phpapp01.pdf

5.3. Papel e Perfil do Mediador



O mediador deve apresentar como principais requisitos: respeitabilidade e legitimidade no seu espaço de atuação, responsabilidade com compromissos assumidos, postura adequada na hora da mediação, considerando os princípios e técnicas já referidas, interesse e disponibilidade para formação permanente, o que envolve estudar, analisar e aperfeiçoar sua prática. E se você já possui as características acima, possui ótimas chances de ser um excelente mediador.

NASCIMENTO (2007) confere os requisitos acima e acrescenta que outros devem estar presentes na figura e função do mediador:

Sensibilidade: é justamente a partir da sensibilidade e da compreensão que o mediador, sem tomar partido, formulará estratégias para extrair do conflito os interesses e as necessidades envolvidas.

Ética e supremacia dos direitos humanos: o bom mediador deve ser, antes de tudo, uma pessoa ética, conhecedor e praticante de valores relacionados com o respeito à dignidade do outro. Respeito às diferenças. No caso da Rede Salesiana, agregar os valores salesianos e os princípios defendidos por Dom Bosco.

Como parte da ética de mediar, deve ser mantida também a neutralidade do mediador perante aquele conflito e os envolvidos nele. O mediador não pode tentar obter vantagens pessoais perante aquele processo ou mesmo aceitar pressões de uma ou outra parte. Deve também evitar realizar julgamentos ou ter uma atitude preconceituosa ou desrespeitosa perante os envolvidos.

Capacidade Comunicativja: é uma das capacidades mais importantes do mediador, á que ele fará uso de técnicas de CNV.

Capacidade de escuta: a capacidade comunicativa envolve também a capacidade da escuta ativa.

Capacidade de manter sigilo: o mediador tem a responsabilidade de manter sigilo das informações pessoais das partes. Ele só deve ser quebrado quando o mediador se deparar com condutas criminosas.

Criatividade: O mediador deve ser criativo. Usar metáforas, comparações e bom humor ajudam a quebrar o gelo e tornar o ambiente menos estressado e mais propício à mediação.

Estilo cooperativo: Esse é um tema muito conhecido por você. Já que a aprendizagem cooperativa é princípio salesiano. O mediador não deve imprimir um espírito competitivo na mediação, para não inviabilizar o diálogo.

A soma de todos os ingredientes: como somos humanos, não existe o mediador perfeito. Todos somos passíveis de falhas. Na mediação, o que vale é a soma de todos os ingredientes. Para tanto, a prática diária da mediação, bem como os valores salesianos, podem ser o grande guia.


Fonte: http://www.sempretops.com/diversao/tirinhas-da-mafalda/


Conseguiu perceber as semelhanças com o papel e práticas do Orientador Educacional? O que você tem de mais desenvolvido? O que precisa melhorar em sua prática para ser um bom mediador (a) de conflitos? Como poderá divulgar os princípios a todos envolvidos no processo educativo?

Continuemos. Durante o processo de mediação, o mediador deve ainda observar os seguintes princípios e atitudes:

  1. Favorecer um ambiente de cooperação, evitando a competição e o confronto. O mediador deve evitar o julgamento, com o estabelecimento de rótulos entre as partes e seus argumentos como “certo e errado”, “culpado e inocente”, “verdadeiro e falso”, “bom e mau”, etc. O pré-julgamento de cada uma das partes ou de suas atitudes de acordo com os valores e convicções do mediador pode estimular a competição durante a mediação, fazendo com que uma das partes busque derrotar a outra e não cooperar com ela.
  2. Equilibrar e manter o equilíbrio de poder entre as partes. O mediador deve evitar que uma das partes submeta ou subjugue a outra, evitando que esta se manifeste livremente. Nesse sentido, devem ser evitadas atitudes ofensivas ou desrespeitosas e deve-se estimular que todas as opiniões sejam ouvidas com abertura e respeito.
  3. Buscar a escuta ativa e entendimento dos argumentos e necessidades de cada parte, estimulando o diálogo e o entendimento do ponto de vista do outro. O mediador deve saber escutar o que não foi dito de forma clara, entender o conteúdo das entrelinhas e buscar estimular que os conteúdos não explícitos (posição e interesse) fiquem mais claros, facilitando a comunicação. No entanto, não impor soluções, pois estas podem ser vistas como positivas da perspectiva do mediador e, de fato, não serem aceitáveis pelas partes.
  4. Acreditar na importância da relação entre as partes e na capacidade dos envolvidos poderem construir a solução para os seus problemas.
  5. Saber quando interromper uma discussão não apropriada, sem ofender as partes. Nesse sentido, o mediador deve sempre usar uma linguagem neutra, desprovida de reprovação.
  6. Respeitar as partes e ter sensibilidade para diferenças culturais, religiosas, de gênero, raça e etnia.

Os princípios e atitudes listados acima não são exaustivos, mas ilustram algumas das características do mediador e da dinâmica do processo de mediação.

BRANDÃO (2008) nos apresenta as cinco regras de ouro do Mediador.

  • Separar o indivíduo do problema ou da questão discutida naquele momento. Não pode haver nenhuma sombra de preconceito ou parcialidade.
  • Fazer com que as partes se sintam à vontade durante todo o processo.
  • Focalizar nos interesses, não nos pontos de vista das partes.
  • Garantir e respeitar a confidencialidade do processo.
  • Certificar-se da voluntariedade das partes em conflito estimular a sua disposição para chegar a um acordo.

SEIDEL (2007) destaca que algumas atitudes são relevantes sempre que você quiser contribuir em um conflito do qual você não é parte envolvida. Pode ser um amigo que conta um problema no telefone. Pode ser uma conversa informal com duas partes discutindo. Pode ser uma sessão formalmente organizada de mediação.

  1. Seja objetivo: valorize ambos os lados, mesmo se particularmente você prefere um ponto de vista, ou mesmo quando somente uma parte está presente.
  2. Apoie: use cuidadosamente a linguagem. Providencie um ambiente não ameaçador, onde as pessoas sintam-se seguras para se abrirem.
  3. Nenhum julgamento: desencoraje juízos sobre quem estava certo e quem estava errado. Não pergunte “por que o fez?”, mas sim “o que aconteceu?” e “como você sentiu?”
  4. Dirija o processo: não o conteúdo, usando perguntas sábias. Incentive as sugestões dos participantes. Resista aconselhar. Se suas sugestões forem realmente necessárias, faça perguntas que facilitem a comunicação.
  5. Solução ganha-ganha: trabalhe para a vitória de ambos os lados. Faça dos oponentes parceiros.

 

Leitura Obrigatória

Para adentrar os estudos acerca do perfil mediador, leia o texto de Ildemar Egger, O papel do mediador.

http://www.egger.com.br/ie/mediacao.htm

5.4. Construção de um ambiente cooperativo na escola

Assista ao vídeo a seguir, sobre uma experiência de uma escola em São Sebastião, cidade de Brasília-DF, Brasil, na qual a mediação de conflitos, ajudou a construir um ambiente cooperativo na escola.

O que você achou da experiência? É possível realizar esse processo na escola onde você atua?

Pois bem, cultivar uma escola segura e cidadã é possível, desde que algumas dimensões fundamentais sejam cultivadas para manter uma atmosfera equilibrada, harmoniosa, estimuladora da aprendizagem e do exercício da cidadania.

Segundo CECCON (2009), é preciso para que isso aconteça:

Fonte: http://boletimodiad.blogspot.com.br/2010/07/familia-esta-moda-pega.html

  • Vínculo: sentimento de conexão entre professores, alunos, gestores, famílias, escola e comunidade. Conexão ocorre quando nossa necessidade de nos sentirmos aceitos (apreciados pelo outro, pertencendo a um grupo) competentes e autônomos é suficientemente atendida. Esse vínculo e a conexão podem ser quebrados quando o profissional tem uma sensação de desvalorização. Mas é possível, fortalecer vínculos, por exemplo, quando as lideranças da escola acolhem os professores e outros trabalhadores da educação com respeito e afeto, demonstrando com gestos concretos que suas ideias e sentimentos importam e que eles fazem parte de um coletivo, de uma equipe profissional, em que suas competências e habilidades serão aproveitadas e desenvolvidas. O mesmo deve ser oferecido aos estudantes. Você poderá saber se os estudantes estão conectados com a escola, quando sentem que são parte dela, quando se sentem felizes na escola, quando se sentem seguros nela. Os estudantes sentem que os professores têm confiança neles
  • Participação da comunidade escolar, com oportunidade de desenvolvimento profissional contínuo e interação/ enredamento com o entorno. Também a família e a comunidade precisam acreditar que são consideradas como parceiros no processo de aprendizagem, que sua cultura, embora, diferente da cultura escolar, é valorizada. O mapeamento e o uso pelos próprios alunos e educadores, dos recursos educativos do bairro e da cidade permitem que eles ganhem visibilidade e possam ser utilizadas pela escola. Ao mesmo tempo, a elaboração e a implementação pelos alunos de projetos nos quais os conhecimentos escolares são aplicados à melhoria da realidade comunitária fortalecem os vínculos entre a escola e a comunidade, assim como tornam o currículo significativo.
  • Competências e habilidades para dialogar e administrar conflitos. Um dos pilares da Educação para o milênio segundo a UNESCO, é Aprender a conviver. E sabemos que não basta o regimento interno e conjunto de regras escritas no sistema disciplinar da escola. CECCON (2007) continua apresentando três sugestões para desenvolver na escola: construir um Código de Conduta; Elaborar um Plano de Segurança; Desenvolver em toda a comunidade escolar habilidades de resolver conflitos por meio do diálogo.

Saiba mais em: http://4pilares.net/text-cont/delors-pilares.htm  

  • Currículo relevante. Fazer com as coisas tenham sentindo é necessidade básica do ser humano. Se não nos é dado um significado, temos que criá-lo (BOLMAN E DEAL, 2003, apud CECCON, 2007, p.99). Portanto a escola precisa cuidar para as atividades escolares levem em conta as necessidades básicas dos estudantes em se sentirem competentes e autônomos. E ainda o currículo precisa fazer sentido diante do avanço tecnológico.

A experiência humana nos aponta que, diante de um desafio e na relação com os outros, aprendemos e nos desenvolvemos. Nos parece que cooperação e o desafio são elementos presentes no processo de aprendizagem e em nossa constituição enquanto seres humanos. Aprendemos quando o que conhecemos é problematizado por alguma situação. Então aprendemos a partir do que conhecemos e "contra" o já conhecido, já que o conhecido não dá conta de responder ao desafio colocado. Aqui não avançaremos no tema, mas se faz necessário enfatizar a importância dos grupos cooperativos.  

Os grupos cooperativos resultam em grandes saltos nos processos de crescimento coletivo e individual demonstrando potencialidades nos campos da capacidade de cooperação, maior compromisso com tarefa, elevação da autoestima, oportunidade de novos relacionamentos, acréscimo da perspectiva de estudo e melhoria do desempenho no processo de aprendizagem. Faz-se necessário um ensinar e aprender mais compartilhado, orientado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e grupalmente, o que exige mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e comunicação.

Fonte: http://educacaojuventudes.blogspot.com.br/

 

Como você avalia a sua escola, nas dimensões citadas? A escola onde atua é uma escola segura e cidadã? A escola é apaixonante? Trabalha com grupos cooperativos? E como têm mediado os conflitos? Capacita e motiva a especialização de seus profissionais?

Fonte: http://pedagogiatic2011.blogspot.com.br/

Sendo assim, como educador (a) você poderá orientar os estudantes, pais ou responsáveis. Com as técnicas que foram apresentadas na aula 03, CNV, Mensagem-eu, Escuta ativa, por exemplo, ajudarão os pais a melhorarem a sua comunicação com os filhos e dar amor com limite, ajudando na autonomia dos mesmos. Você também poderá ajudar os estudantes, crianças, adolescentes e jovens, a construírem o seu Projeto Pessoal de Vida. Além de encaminhá-los às redes parceiras especializadas, como já foi tema da UEA Papel e Prática do Orientador Educacional e que abordaremos no próximo tópico.

Leituras Complementares

Para aprofundar o tema da Comunicação Humana, sugerimos a leitura do livro a seguir.

WATZLAWICK, Paul, BEAVIN, Janet Helmick, JACKSON, Don D. Pragmática da Comunicação Humana. São Paulo: Cultrix Ltda.1967.

 

5.5. O potencial das parcerias e redes internas e externas

 

Fonte: http://tecnologias-aula.blogspot.com.br/

 

Pense nas relações familiares, em suas relações de amigos, colegas de trabalho. Tudo isso são exemplos de rede. Pense nas redes sociais, como Orkut, tão usado, principalmente pelos jovens. Pense em na rede de pesca. Rede agrega, junta, colabora, amplia, fortalece, proporciona o alimento, alimenta.

Fonte: http://www.buziosnews.com.br/imagens.htm

Para INOJOSA (2008, p. 245), as redes são o próprio tecido constitutivo da sociedade, engendrado desde as redes sociais pessoais. Em princípio, a rede é parceria, e essa parceria pode articular famílias, estados, organizações públicas e/ou privadas, pessoas físicas e/ou jurídicas. Tem o potencial de envolver e promover relações interpessoais, interorganizacionais e intergovernamentais, assim como relações transnacionais e transetoriais.

A rede definida por Baptista, “[...] se constitui pela articulação de um conjunto amplo e dinâmico de organizações diversas, em torno de interesses comuns, que realizam ações complementares em um processo unitário e coerente de decisões, estratégicas e esforços” (BAPTISTA, 2003, p. 58).


Fonte: http://redefale.blogspot.com.br/2011/03/entrando-na-rede.html

Uma questão posta é que a rede tem sido usada como uma palavra mágica, uma receita capaz de resolver as mesmas questões que já foram objeto das sucessivas reinvenções de formas de administrar problemas que afligem a sociedade, que são de todos e de ninguém. Surgem com esse rótulo tradicionais grupos de trabalho ou, na melhor das hipóteses, grupos intersetoriais criados pelo aparato do Estado, em que os elos não se interligam, movidos pela mobilização independente de cada ente, mas aparecem em decorrência de uma situação de subordinação, em uma flagrante oposição ao conceito de rede (INOJOSA, 2008, p. 246).

Sendo assim, reforçamos a importância da escola atuar em rede, para cultivar uma escola segura e cidadã e resolver os conflitos de forma não-violenta. É preciso quebrar o isolamento da escola para prevenir e dar um basta às violências e atuar sobre os conflitos.

Segundo SECCON (2007), as lideranças escolares decididas a manter e criar escolas seguras e cidadãs podem tecer redes: redes de comunicação com outras escolas e com outras organizações comprometidas com a Mediação de Conflitos e a Cultura de Paz, com os Direitos das Crianças e Adolescentes. Realizar parcerias, por exemplo, entre uma escola e uma ONG que desenvolve atividades de preparação para o mundo do trabalho. Firmar alianças, parcerias mais duradouras e formalizadas com empresas e universidades que desejam investir na melhoria da qualidade da educação. Redes que não prendem, vinculam.

Fonte: http://www.ufrgs.br/vies/comunicacao/a-globalizacao-os-movimentos-sociais-e-as-redes-de-comunicacao/

Trabalhar em parceria é somar forças. Parceria é a relação de interdependência e complementaridade operacional, técnica ou financeira, na qual, muitas vezes, cada parceiro cuida de uma parte do processo em curso. (COSTA, 2000, apud CECCON, 2007, p.172).

Abaixo algumas dicas de contatos de entidades que atuam em rede e trabalham o tema de Mediação de Conflitos e áreas afins:

  • O Projeto Não-Violência é uma Organização Não Governamental Internacional (ONG) que atua com a missão de 'desenvolver e fortalecer uma cultura de não-violência por intermédio das escolas'. O PNV promove ações de caráter educativo e preventivo em escolas da rede pública de ensino desde 1998.
    http://www.naoviolencia.org.br/projeto-nao-violencia.htm
  • O Centro Popular de Formação da Juventude – Vida e Juventude é uma entidade popular criada em 17/10/1999 por um grupo de pessoas comprometidas com as causas das comunidades pobres do DF e Entorno para ser instrumento de transformação social, contribuindo assim para a diminuição das desigualdades sociais. Dentre vários projetos trabalha com a formação de Mediadores de Conflitos.

http://www.vidaejuventude.org.br/

  • O CECIP - Centro de Criação de Imagem Popular é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, independente e não partidária. O CECIP foi criado em 1986 por um grupo de profissionais reconhecidos pela qualidade de sua atuação em diversas áreas, que decidiram colocar seus saberes e experiências a serviço da construção de uma sociedade democrática, produzindo materiais audiovisuais e impressos. Sua atividade abrange também a capacitação de agentes sociais para atuarem na transformação de suas realidades, adquirindo instrumentos que lhes permitem agir sobre questões de cidadania, como os direitos à saúde, à educação e a um ambiente saudável.

http://www.cecip.org.br/site/

 

  • O Viva Rio é uma organização comprometida com a pesquisa, o trabalho de campo e a formulação de políticas públicas com o objetivo de promover a cultura de paz e a inclusão social.

http://vivario.org.br/quem-somos-2/

 

  • O Juspopuli Escritório de Direitos Humanos é uma organização não governamental que tem como missão contribuir para a efetivação dos direitos humanos, através da democratização do Direito e da promoção do acesso à Justiça.

http://www.juspopuli.org.br/

 

  • O Amor-Exigente é um programa de auto e mútua ajuda que desenvolve preceitos para a organização da família, que são praticados por meio dos 12 Princípios Básicos e Éticos, da espiritualidade e dos grupos de auto e mútua-ajuda que através de seus voluntários, sensibilizam as pessoas, levando-as a perceberem a necessidade de mudar o rumo de suas vidas e do mundo, a partir de si mesmas.

 

http://www.amorexigente.org.br/conteudo.asp?sayfaID=5

 

  • A Terapia Comunitária (TC) é um procedimento terapêutico, em grupo, com a finalidade de promover a saúde e a atenção primária em saúde mental. Funciona como fomentadora de cidadania, de redes sociais solidárias e de identidade cultural das comunidades carentes. Por ser um trabalho em grupo atinge um grande número de pessoas, abrangendo diversos contextos familiares, institucionais e sociais.

http://www.mismecdf.org/tc.php

 

Leitura Obrigatória

Acesse o livro “Conflitos na escola: modos de transformar”. Leia o Capítulo 3 sobre “Convivência e Comunicação”. Siga para a página 95  e leia o tópico “Identifique e desmonte armadilhas na comunicação.” http://www.mprj.mp.br/documents/112957/10381358/
cartilha_cecip_conflitos_na_escola_modos_de_transformar.pdf

 

Concluímos nossa quinta aula. Trabalhamos sobre as características, o papel e funções do mediador de conflitos. Quem é esse mediador de conflitos. Quem é o mediador de conflitos na escola. Ao verificarmos a importância das parcerias e redes, percebemos que é muito mais fácil atuar. Ainda temos uma última aula que está muito interessante. Sigamos.

 

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