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AULA 3 – DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

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AULA 3 – DEFICIÊNCIA INTELECTUAL



Nesta aula você conhecerá um pouco mais sobre a deficiência intelectual.
O objetivo é esclarecer os conceitos relacionados à deficiência intelectual, apresentando as possibilidades de suporte escolar suscitadas em cada caso.

 

3.1. Contextualização

Ao falar em deficiência intelectual, muitos aspectos precisam ser esclarecidos, sendo que o primeiro deles é de que essa deficiência é diferente de dificuldade de aprendizagem.

Muitos professores acreditam que já, uma vez que o aluno não lê e não escreve, ele possui deficiência intelectual, mas o fato é que há um conjunto de fatores que precisam ser considerados para se chegar a essa conclusão.

A dificuldade de aprendizagem caracteriza-se fundamentalmente pela presença de dificuldades no aprender, maiores do que as naturalmente esperadas para a maioria das crianças e por seus pares de turma. Não tem causa única que a determine, mas há uma conjugação de fatores que agem frente a uma predisposição momentânea da criança. Pode ser causada por questões afetivas, sociais, perturbação emocional, estilo de aprendizagem, uso de medicação, adoecimento e outros, e na medida em que o ambiente é manejado essas dificuldades podem ser superadas.

De acordo com a última definição, apresentada no 11° Manual “Deficiência Intelectual: Definição, Classificação e Níveis de Suporte” (Shogren et al, 2010) o aluno com Deficiência Intelectual tem um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média (raciocínio, aprendizado, resolução de problemas). Além do déficit intelectual, o aluno apresentará comprometimento em, pelo menos, duas áreas do comportamento adaptativo. Esses comportamentos cobrem uma gama de habilidades sociais e práticas do dia a dia.

De acordo com Almeida (2012), os comportamentos adaptativos são:



  1. Comunicação – habilidades para compreensão e expressão de ideias.
  2. Cuidados Pessoais – habilidade quanto às atividades de vida diária, autocuidado (tomar banho, utilizar o banheiro com autonomia).
  3. Competências Domésticas - cuidados com o ambiente e espaços (arrumar a cama, tirar o lixo).
  4. Habilidades Sociais - trocas sociais com outros indivíduos.
  5. Utilização dos Recursos Comunitários - uso apropriado dos recursos da comunidade.
  6. Autonomia - habilidades de fazer escolhas; tomar iniciativas; resolver problemas, independência para as realizações.
  7. Saúde e Segurança – habilidades para cuidar da saúde em termos de alimentação, prevenção de doenças, cuidar da própria segurança.
  8. Habilidades Acadêmicas - relacionadas à aprendizagem dos conteúdos curriculares (foco na aquisição).
  9. Lazer - interesses e participar de atividades de entretenimento individual e coletivo.
  10. Trabalho - refere-se às habilidades para manter um trabalho em tempo parcial/total; autogerenciamento.


A deficiência intelectual NÃO É UMA DOENÇA E SIM CONDIÇÃO PROVOCADA POR DIFERENTES FATORES, dentre as quais cabe destacar:



Fatores pré-natais

Apresentam incidência de 55% a 75% e podem influenciar desde a concepção até o início do trabalho de parto.

  • Genéticos.
  • Fenilcetonúria/ Hipotireoidismo (hereditários).
  • Alteração na formação do embrião - ex.: Síndrome de Down (congênito).
  • Desnutrição materna, diabetes, sífilis, hipertensão, idade da mãe, raio x, infecções como rubéola e toxoplasmose, poluição ambiental, alcoolismo, tabagismo e drogas (remédios e tóxicos).


Fatores perinatais

Apresentam incidência de 10% e podem influenciar desde o início do trabalho de parto até o 30º dia de vida do bebê.

  • Prematuridade e pós-maturidade do bebê.
  • Trauma de parto (anóxia).
  • Icterícia grave (incompatibilidade RH/ABO).


Fatores pós-natais

Incidência de 5% e podem influenciar desde o 30º dia de vida do bebê até o final da adolescência.

  • infecção do SNC - Sistema Nervoso Central (encefalite, meningite, sarampo, etc.),
  • traumas de crânio, hemorragia craniana, convulsões seguidas e sem controles, carências nutricionais.
  • intoxicações exógenas (envenenamento): remédios, inseticidas, produtos químicos, etc.

A deficiência intelectual não deve ser determinada apenas pelos testes de Quociente de Inteligência (QI), mas não podemos negar que essa é uma importante ferramenta para medir o funcionamento intelectual (capacidade para o aprendizado, raciocínio, resolução de problemas etc). A obtenção de scores entre 70 ou 75 indica uma limitação no funcionamento intelectual, no entanto, é preciso realizar outros testes para determinar as limitações no comportamento adaptativo.

Para a avaliação na área da deficiência intelectual, é necessário considerar a cultura do indivíduo avaliado, o contexto em que vive, a diversidade linguística, o modo como os indivíduos se comunicam entre si, se movimentam e se comportam.

Diversas síndromes podem causar a deficiência intelectual. Dentre elas, pode-se destacar: Síndrome de Down, Síndrome do X Frágil, Síndrome do Álcool Fetal, Síndrome Cornélia de Lange , Síndrome Prader Willi , Síndrome de Angelman , Síndrome de Bourneville-Pringle , Síndrome de Rubstein-Taybi , Síndrome de Klinefelter , Síndrome de Apert , Sindrome de Sturge Weber .



Leitura Recomendada

Se você tiver interesse em conhecer mais sobre cada uma dessas síndromes, leia o capítulo “A importância das causas na deficiência intelectual para o entendimento das dificuldades escolares” (pgs. 65 a 83) do livro “Deficiência Intelectual: realidade e ação” disponível em http://cape.edunet.sp.gov.br/textos/textos/Livro%20DI.pdf


A síndrome mais comum de se encontrar nas escolas é a Síndrome de Down, que será abordada de forma breve na sequência.

3.2. Síndrome de Down

A Síndrome de Down é o tipo mais frequente de deficiência intelectual, com incidência de 1, a cada 700 nascimentos. Ela é causada por uma alteração genética denominada Trissomia do 21, que ocorre no início da gravidez.

Esta síndrome foi descrita pela primeira vez por John Langdon Down, médico britânico, em 1862. Tem como ccaracterísticas olhos amendoados, prega na mão, propensão ao desenvolvimento de doenças respiratórias e cardiopatias, hipotonia muscular, tendência à baixa estatura, desenvolvimento físico e mental mais lentos.

A criança com Síndrome de Down tem seu desenvolvimento influenciado pela estimulação precoce, processo de educação, oportunidades e experiências, assim como todas as crianças com deficiência intelectual, por isso, o investimento na estimulação precoce é fundamental, para que os efeitos sejam minimizados.

Na sala de aula, existem algumas características que podem ser observadas pelos professores:



  • atraso no desenvolvimento da linguagem;
  • menor reconhecimento das regras gramaticais;
  • dificuldade na produção da fala;
  • vocabulário reduzido;
  • memória auditiva de curto prazo mais breve;
  • dificuldade em utilizar o recurso da linguagem para pensar, raciocinar e lembrar das informações.

3.3. Classificação por Sistema de Apoio



Atualmente, a classificação de Deficiência Intelectual (DI) se dá a partir do parâmetro de intensidade de apoio/suporte/ajuda que a pessoa precisa. Com isso, o foco sai da pessoa e vai para o ambiente, que precisa oferecer as condições necessárias para que esse indivíduo possa funcionar com toda a sua potência.

Ao olhar para a pessoa com deficiência, precisamos verificar os suportes necessários a sua plena participação no contexto social e escolar. O objetivo de todas as intervenções é promover autonomia e independência.

A 9ª edição do Manual de Definição, Classificação e Sistemas de Suporte, publicado em 1992, trouxe contribuições importantes para área. Além da descrição das 10 (dez) áreas de condutas adaptativas (comunicação, autocuidado, vida no lar, habilidades sociais, desempenho na comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, habilidades acadêmicas funcionais, lazer e trabalho), indicou pontos importantes, tais como:

  • “A mudança de entendimento de que a deficiência intelectual se refere ao estado de funcionamento do indivíduo” (Almeida, 2012, p. 56);
  • A forma de descrever os tipos de suporte que as pessoas com deficiência intelectual necessitam;
  • “A mudança de paradigma da visão de “retardo mental” como característica expressa unicamente por um indivíduo para uma expressão da interação entre a pessoa com funcionamento intelectual limitado e o meio ambiente”. (Almeida, 2012, p. 56). Dessa forma, a deficiência intelectual passou a ser vista como algo que pode ser melhorado a partir da oferta dos suportes necessários.
  • “O acréscimo de um novo passo ao conceito de comportamento adaptativo, ou seja, de uma descrição global para especificações particulares das habilidades adaptativas” (Almeida, 2012, p. 56).

Nessa época, a prestação de suporte foi muito enfatizada e passou a ser definida em quatro níveis, a saber:





O planejamento de suportes/apoio deve considerar a necessidade de cada indivíduo e visa melhoras significativas na vida, podendo incluir mais independência e melhores oportunidadess de participar socialmente.

De acordo com Almeida (2012), esse planejamento precisa envolver cinco componentes básicos:



  • identificar as experiências de vida desejadas e estabelecer as metas a serem atingidas;
  • determinar a intensidade de suporte/apoio necessário para atingir as metas;
  • desenvolver um plano de suporte individualizado;
  • monitorar/acompanhar o progresso;


Uma das formas de atuar com o aluno com DI na sala comum, é fazer uso as adaptações curriculares, que serão abordadas com profundidade na Aula 10. No entanto, na sequência são apresentadas algumas dicas importantes para os professores:



  • Trate o aluno de maneira natural, não adotando atitudes superprotetoras, infantilizadas ou de rejeição. Muitas vezes, os comportamentos infantilizados apresentados por esses alunos não se devem ao fato de terem DI, mas pelo modo como são tratados. Esses alunos precisam aprender regras de convivência e elas precisam ser claras, pois eles não terão condições de aprender por imitação, como acontece com a maioria de nós.
  • Respeite a idade cronológica do aluno e ofereça atividades compatíveis. Mesmo que o aluno não consiga atingir os mesmos objetivos dos demais, ofereça atividades dentro do conteúdo estudado, com certo nível de desafio, para que ele possa ser sempre estimulado.
  • Incentive sua autonomia. Ensine-o a realizar as atividades estabelecidas pela rotina escolar. Muitas vezes, na ânsia de oferecer suporte, o professor acaba não permitindo que o aluno desenvolva seu potencial ao máximo.
  • Garanta sua dignidade.
  • Estabeleça objetivos, conteúdos, metodologia, avaliação e temporalidade, de acordo com a necessidade do aluno. Faça as adaptações ou modificações necessárias, tema que será abordado com profundidade na Aula 10.
  • Divida as instruções em etapas. Muitas vezes esse aluno não consegue compreender uma atividade mais complexa, por isso é importante que ela seja dividida em pequenas partes. Elogie o cumprimento das etapas, fortalecendo a autoestima desse aluno.
  • Respeite o ritmo de aprendizagem, mas sempre oferecer desafios.
  • Repita as instruções/atividades em situações variadas, de forma diversificada.
  • Explique o que poderá acontecer em situações novas, de perigo ou constrangedoras. Esses alunos, com o tempo, acostumam-se com a rotina escolar e sentem-se seguros, sendo assim, algumas mudanças podem causar desconforto, por isso é importante informá-los com antecedência sobre os novos acontecimentos.
  • Passe instruções acompanhadas por gestos ou figuras.
  • Dê oportunidade para o aluno mostrar que compreendeu o que lhe foi dito.
  • Considere as diferenças individuais de cada aluno.
Pausa para o vídeo...

Assista ao vídeo “Dicas de Convivência” 

, do Instituto Mara Gabrilli, que apresenta mitos em relação às pessoas com deficiência e que são desmistificados, de modo divertido. Procure refletir sobre seus conceitos e procure revê-los ao final do vídeo.



É preciso ressaltar que a relação do aluno com deficiência intelectual e seu professor deve ser pautada na confiança e no respeito. As propostas de trabalho devem representar desafios para o pensamento do aluno, objetivando o alcance da autonomia.

Alunos com deficiência intelectual serão capazes de construir seu próprio conhecimento, mas, provavelmente, terão problemas em generalizar e transpor conhecimentos de uma situação para outra, tendo dificuldades em ultrapassar o estágio operatório concreto, descrito por Jean Piaget.

Cabe ao professor orientá-lo, para que possa adquirir conhecimentos, dentro de sua capacidade. Não podemos negar que esse trabalho pode ser árduo e gerar frustração no professor, pois nem sempre o aluno corresponderá às expectativas e não há receitas prontas para lidarmos com eles em sala de aula.

É preciso que o professor se desprenda de seus medos e se permita reconstruir sua prática pedagógica e criar uma rotina de trabalho que lhe traga confiança. Além disso, o estudo contínuo trará inspiração para a criação de soluções novas para os desafios cotidianos enfrentados em sala de aula.

Sessão Pipoca

Para enriquecer seus conhecimentos sobre o tema, assista ao documentário “Do luto à luta”

Assista ao vídeo Do luto à luta
, criado e dirigido por Evaldo Mocarzel, que é pai de Joana Mocarzel, uma garota com deficiência intelectual. O documentário de 2005 procura demonstrar os principais aspectos relacionados à Síndrome de Down, como a notícia dada à família e o desenvolvimento e potencialidades dessas crianças e adolescentes. Procure refletir sobre a importância da família nesse processo de inclusão e a luta enfrentada por todos para garantir aos filhos seus direitos básicos.

 

“Colegas”


é uma comédia brasileira, que estreou em 2013 e retrata, de modo poético, coisas simples da vida, pelos olhos de três personagens com síndrome de Down. Eles são apaixonados por cinema e trabalham na videoteca do instituto onde vivem. Um dia, inspirados pelo filme “Thelma & Louise”, resolvem fugir em busca de três sonhos: ver o mar, casar e voar. Nesta busca, se envolvem em inúmeras aventuras. Assista também à entrevista com o diretor e o elenco do filme.

 

Leitura Recomenda

Leia o capítulo “Deficiência Intelectual: Da família à Escola”, do livro “Deficiência Intelectual: realidade e Ação”, disponível para download gratuito em: http://cape.edunet.sp.gov.br/textos/textos/Livro%20DI.pdf

Nesta aula, você pode compreender as particularidades dos alunos com deficiência intelectual. Aprendeu que ela é causada por diversos fatores e que cada aluno tem características próprias, devendo ser respeitado em seu ritmo de aprendizagem, mas não podendo ser infantilizado. Na próxima aula, conhecerá mais sobre a deficiência visual.



Atividades

Responda às questões a seguir:

  1. Na sua opinião, é possível incluir um aluno com deficiência intelectual na classe comum? Justifique.
  2. Você já viveu a experiência de ter um aluno com deficiência intelectual em sua turma? Elabore um relato de sua vivência.


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