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AULA 5 – DEFICIÊNCIA FÍSICA

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AULA 5

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AULA 5 – DEFICIÊNCIA FÍSICA

Nesta aula você estudará os conceitos relacionados à deficiência física. Verá que esse grupo é bastante heterogêneo, mas, com o suporte adequado, esses alunos podem ter plena participação em sala de aula.

 

5.1. Tipos de deficiência física mais comuns

O grupo composto pelas pessoas com deficiência física é bastante heterogêneo e cada um apresenta necessidades singulares. A deficiência física (DF) se refere:

Ao comprometimento do aparelho locomotor, que compreende o sistema nervoso e o sistema muscular. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir quadros de limitações físicas de grau e gravidade variáveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida. (MEC/SEESP, 2006)

Decorrem de várias origens, podendo ser hereditária, congênita ou adquirida e pode ocasionar diferentes sequelas, que variam desde o grau mais leve até o mais grave.


Figura 5.2. Símbolo da deficiência física
Fonte: https://pixabay.com/pt/com-defici%C3%AAncia-s%C3%ADmbolo-83674/

As principais deficiências físicas são:

  • Paralisia cerebral
  • Doença neuromuscular
  • Malformação congênita
  • Mielomeningocele
  • Hidrocefalia
  • Nanismo
  • Osteogênese imperfeita
  • Lesão encefálica adquirida

Na sequência, serão abordadas algumas das mais comuns na escola, como a Mielomeningocele, a distrofia muscular, a osteogênese imperfeita e a paralisia cerebral.

A Mielomeningocele é uma malformação da coluna vertebral (Figura 5.1), comumente na região lombar, localizada dentro da espinha dorsal.  Pode acarretar problemas, neurológicos, urológicos e ortopédicos. Geralmente essas pessoas passam por diversas cirurgias corretivas ao longo da vida.

Figura 5.1. Imagem ilustrativa da Mielomeningocele
http://vencendoamielo.blogspot.com.br/2011/09/mais-sobre-mielomeningocele.html

A Distrofia muscular progressiva é uma patologia genética, irreversível e progressiva, que afeta toda a musculatura da criança. Há comprometimento respiratório, perda gradativa da movimentação dos membros superiores e perda da movimentação manual, acarretando grande dependência nas atividades de vida diária. O trabalho com esse aluno requer muita atenção, o mesmo não pode chegar à fadiga, pois pode ocorrer a aceleração da doença. O exemplo mais comum na escola é a Síndrome de Duchene.

A Osteogênese imperfeita é uma doença conhecida como “ossos de vidro”, e é congênita, ou seja, a pessoa já nasce com ela.  Normalmente, o bebê pode apresentar fraturas durante o parto e pouca resistência a quedas. É comum apresentar também déficit auditivo e deformidade progressiva de ossos, sendo uma doença crônica e irreversível. Na escola, esse aluno precisa ser cuidado no recreio, pois, a qualquer momento, pode sofrer uma fratura. Também não é recomendada a participação na aula de educação física. O importante é conversar com os pais da criança para verificar quais são as recomendações médicas para cada caso.

A Paralisia Cerebral é o acometimento que atinge o sistema nervoso central, durante a gravidez, o parto ou o período crítico do desenvolvimento do sistema nervoso. É importante frisar que o paralisado cerebral não apresenta necessariamente déficit intelectual. Essa confusão ocorre principalmente nos casos em que o aluno apresenta dificuldade para se comunicar. Os tipos mais comuns de paralisia cerebral são:

  • Espástico: caracteriza-se por lesão do córtex cerebral, com diminuição da força muscular e aumento do tônus muscular. Tônus é o grau de tensão muscular. Neste tipo, ocorre um aumento da tensão, que pode ser sentido com a mão ou como uma maior resistência à movimentação de uma parte do corpo;
  • Atetóide: apresentam movimentos involuntários, que a pessoa não consegue controlar;
  • Atáxico: caracterizado por dificuldade na coordenação motora (tremores ao realizar um movimento);
  • Mistos: Quando há características de 2 tipos ao mesmo tempo (por exemplo: espástico e atetóide).

5.2. Condições para o desenvolvimento da autonomia do aluno

No contexto escolar, é preciso observar as condições necessárias para o desenvolvimento da autonomia desse aluno. Com isso, é preciso avaliar os seguintes aspectos:

  • Transporte: como se dá esse transporte até a escola.
  • Deslocamento: retirar todos os obstáculos que impeçam a locomoção desse aluno dentro da escola. Realizar obras de acessibilidade, de acordo com as normas Técnicas da ABNT (NBR 9050).
  • Posicionamento: observar se o mobiliário está adequado e se o aluno apresenta uma postura correta ao sentar-se na carteira. Se for necessário, consulte um fisioterapeuta ou um terapeuta ocupacional para que ele possa prescrever um mobiliário adequado às necessidades do aluno.
  • Atividades curriculares/recreação: verificar a necessidade de adaptações e modificações, que permitam ao aluno o acesso às atividades curriculares e recreativas. Não é porque o aluno é cadeirante, por exemplo, que ele vai ser privado de participar da aula de educação física. Ele pode ser um auxiliar do professor, um árbitro, sempre há uma forma de pensar na participação desse aluno em todas as atividades da escola.
  • Higiene: Verificar se há possibilidade de o aluno utilizar o banheiro com autonomia e se necessita do apoio de um auxiliar ou cuidador.
  • Alimentação: Verificar se o aluno consegue tomar o lanche sozinho, ou se precisa do apoio de um auxiliar ou cuidador.
  • Comunicação: verificar se o aluno consegue se comunicar e, caso não consiga, perguntar à família se ele faz uso da comunicação alternativa, que compreende estratégias de apoio para alunos que apresentam comunicação difícil ou ausência dela.

A comunicação alternativa se dá por meio de recursos como prancha de comunicação, cartões, mesas com símbolos, avental de comunicação, pasta de comunicação, álbum de fotografias, calendários e agendas. Para conhecer alguns modelos de pranchas de comunicação alternativa, faça uma pesquisa em seu site de buscas preferido.

Além da comunicação alternativa, esses alunos podem se beneficiar muito com a utilização de tablets, notebooks, softwares, dentre outros equipamentos que permitam sua participação nas atividades escolares com o mínimo de autonomia. Esses recursos são chamados de tecnologia assistiva (TA) e serão estudados com mais profundidade na Aula 11.


Fonte: http://www.freedigitalphotos.net/images/disabled-woman-using-a-laptop-in-her-wheelchair-photo-p182055


Vale destacar que o suporte só deve ser oferecido quando o aluno realmente não consegue ter sua autonomia desenvolvida, pois, caso contrário, ele poderá ser excluído do contexto escolar não por falta de suporte, mas por excesso dele. Essa questão pode ser exemplificada pelo caso que relato a seguir:

Relato de uma experiência

Recentemente, fui a uma escola do interior de São Paulo visitar uma aluna que havia recebido uma mesa adaptada, mas precisava de ajustes. Fui junto com uma Terapeuta Ocupacional para avaliarmos o que seria necessário fazer. Ao chegar à escola, observamos que a mesa possuía regulagem de altura e fizemos o ajuste de acordo com a estatura da aluna sentada na cadeira de rodas. Após essa intervenção, a aluna nos mostrou seu caderno, ela conseguia escrever e gostava de fazer anotações durante a aula. Disse, ainda, que estava se saindo bem e tirava boas notas. Tocou o sinal do intervalo e ela foi tomar seu lanche, acompanhada de uma profissional cuidadora, que a auxiliava nas atividades de alimentação, higiene e locomoção. A cuidadora passou a lhe dar a refeição na boca e segurava seu copo de refresco, dando-lhe pequenos goles. Ficamos de longe observando. Ao final, nos aproximamos novamente da aluna e perguntamos como ela se alimentava em casa e ela nos contou que tinha uma colher com engrossador para se alimentar e tomava líquidos em uma caneca com duas asas e com auxílio de um canudo. A cuidadora nos olhou intrigada e a levou de volta para a sala. Ao retornar, chamamos o diretor da escola e solicitamos que eles providenciassem uma colher e rapidamente a Terapeuta Ocupacional providenciou uma adaptação engrossando a colher com EVA. Em seguida, pedimos ao diretor que comprasse canudos. Explicamos aos dois que é importante que a aluna desenvolva sua autonomia e, ao ser alimentada, ela estava perdendo essa possibilidade. Dissemos que a cuidadora poderia permanecer junto no momento da alimentação, mas atuando apenas quando fosse acionada pela aluna, permitindo que ela se alimentasse sozinha. A cuidadora nos olhou com certo alívio e disse que assim seria melhor, pois nem sempre aquela aluna teria alguém ao lado para alimentá-la, com isso ela seria mais independente.

Quais suas conclusões com esse caso que acabo de narrar? Ele realmente ocorreu e ilustra bem a exclusão por excesso de suporte. Quando o professor pretende fazer alguma intervenção, é preciso avaliar a real necessidade do aluno, tendo sempre em mente sua independência e autonomia.


Fonte: https://pixabay.com/pt/defici%C3%AAncia-gravador-poder-1038112/

No cotidiano da escola, existem dicas simples que podem facilitar muito o processo de ensino e aprendizagem do aluno com deficiência física. Geralmente, esses alunos não necessitam de adaptações no currículo, tendo em vista que na maior parte dos casos possuem o cognitivo preservado. No entanto, alguns necessitam de adaptações de acesso ao currículo, com adaptações arquitetônicas, mobiliário específico, equipamentos, dentre outros recursos.

As adaptações de acesso ao currículo serão mais bem explicadas na Aula 10.

  • Trate o aluno de maneira natural, não adotando atitudes superprotetoras ou de rejeição. Não tenha medo, comunique-se com ele, peça ajuda para ensiná-lo da melhor forma;
  • Use adaptações que visem facilitar o desempenho e possibilitar maior independência. (Ex: engrossar o lápis, adaptar talheres, usar cadernos de pauta ampliada, etc.);
  • Buscar formas alternativas de comunicação (pranchas, softwares, imagens);
  • Adequar espaço físico e mobiliário para possibilitar o acesso e, consequentemente, a realização das atividades. (Ex: rampa, portas largas, corrimão, banheiro adaptado, etc).

 


Fonte: https://pixabay.com/pt/wc-wc-sem-barreiras-com-defici%C3%AAncia-111092/

Pausa para o vídeo...

Assista ao curtametragem de animação espanhol “Cuerdas”, escrito e dirigido por Pedro Solis García em 2013. Ele tem duração de 11 minutos e recebeu o Prêmio Goya de melhor curtametragem de animação em 2014. Esse filme também pode ser utilizado para sensibilizar seus alunos em sala para receber um colega com deficiência.

 

Sessão Pipoca

Assista aos filmes:

De porta em Porta https://www.youtube.com/watch?v=BJ1fGWByK9w – Bill Porter nasceu com uma paralisia cerebral e mesmo com suas limitações começa a trabalhar como vendedor de porta em porta, no entanto, é rejeitado pelas pessoas ditas normais. Após sua primeira venda, Bill encontrou forças para continuar e por 40 anos caminhou 16 quilômetros diários para visitar todos os seus clientes. Nessa trajetória, contou com o apoio de sua mãe e de Shelly Soomky Brady. Esse filme é baseado em fatos reais.

Intocáveis https://www.youtube.com/watch?v=fjcOUe8rZEU – é um filme de 2012 que retrata a vida de Philippe, que após sofrer um grave acidente fica tetraplégico passa a necessitar de um cuidador em tempo integral. Trechos desse filme podem ser utilizados para a sensibilização de professores e cuidadores na escola, pois aborda de forma clara, que as limitações impostas pelas pessoas e pelo ambiente não podem impedir o desenvolvimento de todo o potencial dessas pessoas.

A Teoria de Tudo https://www.youtube.com/watch?v=OgVdYzUW0yk – é um filme de 2015, baseado na biografia de Stephen Hawking, um jovem astrofísico que, aos 21 anos, no auge de sua carreira como pesquisador na universidade descobre que possui uma doença motora degenerativa. Contrapondo todos os prognósticos médicos ele consegue descobrir formas de lidar com suas deficiências e continua suas pesquisas de forma brilhante.

 

Nesta aula, você pode entender alguns aspectos relacionados à deficiência física e conhecer as tecnologias que já existem para auxiliar essas pessoas a funcionarem de forma mais eficiente.

É importante ter em mente que uma pessoa com deficiência, seja ela qual for, tem inúmeras possibilidades, pois não é isso que a define, basta que lhe sejam dadas as condições adequadas.

Stephen Hawking, um dos físicos mais importantes de nosso tempo, tem uma frase que diz: "Mesmo as pessoas que dizem que tudo está predeterminado e que não podemos fazer nada para mudá-lo, olham para os dois lados antes de atravessar a rua". Boa reflexão e até a próxima aula!

 

Relato de Caso

Lucas é um aluno de 15 anos e frequenta o segundo ano do Ensino Médio. Aos 2 anos, foi diagnosticado com paralisia cerebral do tipo espástica. Desde então, ele está em uma cadeira de rodas, tendo muita dificuldade em manter certo nível de coordenação motora. Sempre esteve na mesma turma, mas não tem muito contato com os colegas, pois não consegue se expressar oralmente. Alguns professores acreditam que ele tem deficiência intelectual, pois não responde prontamente ao que lhe é solicitado. Os pais de Lucas foram chamados pela escola e informaram que ele faz acompanhamento médico, fisioterápico e fonoaudiológico e que faz uso de uma prancha de comunicação alternativa em casa. Pensando nisso, as professoras de português e arte decidiram desenvolver um projeto em conjunto, com o objetivo de construir uma prancha de comunicação alternativa para que Lucas possa utilizar nas aulas. Chamaram a fonoaudióloga para uma reunião, e ela as orientou a construir uma Prancha para cada disciplina, utilizando termos e conceitos que estavam sendo estudados nas aulas. Assim, ele teria mais autonomia para participar do que estava sendo ensinado. As professoras iniciaram então o projeto, trabalhando com todos os alunos da classe de Lucas, que prontamente se dispuseram a auxiliar o colega. Ao final do projeto, as professoras perceberam o engajamento de todos e a felicidade de Lucas por se sentir acolhido e respeitado. A partir daquele semestre, ele pode participar mais das aulas, utilizando as pranchas construídas pelos colegas. As pranchas foram úteis, inclusive, para a realização das provas orais. Lucas passou a demonstrar que absorvia os conteúdos ministrados em aula por meio da comunicação alternativa.

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