AULA 10
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AULA 10 – ADAPTAÇÃO CURRICULAR
Nesta aula abordaremos a questão da adaptação curricular. O objetivo é apresentar os conceitos relacionados à adaptação curricular, bem como os modos de aplicar esse conhecimento na sala de aula, beneficiando os alunos que necessitam de atendimento individualizado.
10.1. Adaptação curricular: possibilidades e desafios
A adaptação curricular costuma ser um assunto polêmico, que gera muitas controvérsias entre os estudiosos da educação especial. Cabe salientar que o conteúdo apresentado nessa disciplina não está desvinculado das discussões sobre a efetividade desse recurso na escola, pois existem defensores da escola inclusiva que acreditam que se a escola é para todos, entende-se que não são necessários recursos específicos para um grupo de alunos.
O fato é que ainda estamos longe de atingir esse ideal de escola e, por hora, faz-se necessário pensar a adaptação curricular como um recurso que faz parte do processo de construção de uma escola verdadeiramente inclusiva.
Para exemplificar os argumentos ora apresentados, assista ao vídeo “A política nacional para a educação inclusiva: avanços e desafios” https://www.youtube.com/watch?v=JLhp2iOzHbk
Conforme estudou na primeira aula, a legislação brasileira preconiza uma escola inclusiva. Para que isso ocorra, é necessário repensar nossa escola de hoje. Reflita sobre as seguintes questões:
- Minha escola oferece oportunidades iguais para alunos com características específicas?
- Como vamos pensar sobre o atendimento educacional para os alunos que necessitam de mais suporte?
- O que eu posso fazer em minha turma para acolher todos os meus alunos?
Registre essas reflexões e compartilhe com os demais colegas oportunamente nos fóruns de discussão.
Nesta escola que é de todos e para todos, é preciso refletir sobre as POSSIBILIDADES, a partir da singularidade dos alunos com ou sem deficiência.
a) O currículo
O currículo é pensado como o "O conjunto de experiências (e a sua planificação) que a escola, como instituição, põe a serviço dos alunos com o fim de potencializar o seu desenvolvimento integral." (MANJON E COL, 1997).
- É construído a partir do projeto pedagógico da escola e viabiliza sua operacionalização;
- Orienta as atividades educativas, as formas de executá-las definindo suas finalidades;
- Constitui-se em um guia sugerindo o que, quando e como ensinar, o que, como e quando avaliar.
b) As adaptações curriculares
Consistem no conjunto das intervenções que são realizadas de forma espontânea ou intencional, tornando o currículo apropriado, dinâmico, alterável, com possibilidades de ampliação, a fim de dar respostas às dificuldades dos alunos com necessidades educacionais especiais.
Essas intervenções podem contemplar os Objetivos, os Conteúdos, as Estratégias metodológicas, Temporalidade/Organização e/ou a Avaliação, sendo necessárias para tornar o currículo regular apropriado às necessidades dos alunos.
É importante salientar que não se trata de um novo currículo para o aluno que tem deficiência, mas um currículo dinâmico, alterável e passível de ampliação.
A planificação pedagógica e a ação docente devem se fundamentar nos seguintes critérios:
- O que o aluno deve aprender.
- Como e quando aprender.
- Que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem.
- Como e quando avaliar o aluno.
Para se implementar uma proposta de adaptação curricular para determinado aluno, é necessário considerar:
- A preparação e a dedicação da equipe escolar: importante reunir os professores para estudar o tema e acompanhá-los no decorrer do processo.
- O apoio adequado e recursos especializados, quando necessário: verificar a necessidade de aquisição de materiais específicos ou realização de reformas, que tornem o espaço escolar acessível.
- As características curriculares facilitadoras, sendo elas:
- Flexibilidade – nem todos os alunos vão atingir o mesmo grau de abstração ou de conhecimento num tempo determinado. Assim, o professor precisa ter flexibilidade e utilizar diferentes estratégias para auxiliar o aluno a compreender os conceitos mais importantes.
- Acomodação – Ao planejar a aula, considere e contemple a presença do aluno com necessidades educacionais especiais, preparando materiais específicos, mais aprofundados ou mais simplificados. É preciso cuidar para que o aluno tenha um conteúdo semelhante ou contextualizado, não sendo admitido dar outra atividade para “passar o tempo”.
- Trabalho simultâneo, cooperativo e participativo – alunos com NEE participam, embora não o façam com a mesma intensidade, nem com o mesmo grau de abstração.
As adaptações curriculares procuram garantir uma programação tão normal quanto possível para todos. A maior parte das adaptações constituem modificações menores no currículo, podendo ser facilmente realizadas pelo professor no planejamento das suas aulas. Elas podem ser:
- Organizativas: organizar grupos cooperativos para a realização das atividades; organizar o espaço físico da sala.
- Relativas aos objetivos e conteúdos: priorizar unidades de conteúdo eliminando conteúdos secundários; priorizar objetivos mais simples; modificar a sequência didática da atividade suprimindo os conteúdos secundários.
- Avaliativas: fazer prova oral; adaptar a prova para o Braille.
- Nos procedimentos didáticos e nas atividades: introduzir atividades alternativas às previstas, modificar o nível de complexidade da atividade; adaptar materiais; modificar procedimentos.
- Na temporalidade (mais tempo para conclusão do objetivo): modificar a temporalidade para alcançar determinado objetivo ou conteúdo previsto; mais tempo para a realização da atividade ou da prova.
Não devem ser entendidas como um processo individual entre professor e aluno, pois se realizam em 3 (três) níveis:
1º) No âmbito do Projeto Pedagógico: refere-se aos ajustes do currículo em geral, não sendo necessária uma adaptação individualizada.
Exemplos:
- Flexibilizar os critérios e procedimentos.
- Permitir discussões e propiciar medidas pedagógicas e de avaliação diferenciadas.
- O currículo escolar flexibiliza a priorização, a sequenciação e a eliminação de objetivos específicos.
2º) No currículo em sala de aula: essas medidas são adotadas pelo professor que modifica a programação das atividades na sala de aula. Focalizam a organização e os procedimentos didático-pedagógicos e destacam o como fazer, a organização temporal dos componentes e dos conteúdos curriculares e a coordenação das atividades docentes, de modo que favoreça a efetiva participação do aluno, bem como sua aprendizagem.
Exemplos:
- Os alunos são agrupados de modo a favorecer os processos de ensino e aprendizagem.
- As metodologias, atividades e procedimentos de ensino são realizados levando-se em conta o nível de compreensão e a motivação dos alunos.
- Os objetivos são acrescentados, eliminados ou adaptados de modo que atenda às peculiaridades individuais e grupais da turma.
3º) No nível individual: nesse nível o professor precisa determinar o nível de competência curricular do educando por meio de uma avaliação pedagógica criteriosa, identificando os fatores que interferem no seu processo de aprendizagem. A partir daí, poderá adotar formas progressivas de adequação curricular.
As adaptações curriculares, sejam em que nível for, devem ser precedidas de uma criteriosa avaliação do aluno e contar com a participação da equipe docente, bem como da coordenação e direção da escola;
É necessário promover o registro documental das medidas adaptativas adotadas e evitar que as programações individuais sejam definidas com prejuízo para a escolarização do aluno, seu desempenho, promoção escolar e socialização.
Fonte: https://pixabay.com/pt/conhecimento-livro-biblioteca-1052010/