Educação Inclusiva
  • Página Inicial
  • Objetivos
  • Aulas
    • Aula 01
    • Aula 02
    • Aula 03
    • Aula 04
    • Aula 05
    • Aula 06
    • Aula 07
    • Aula 08
    • Aula 09
    • Aula 10
    • Aula 11
    • Aula 12
  • Referências

AULA 6 – DEFICIÊNCIA VISUAL

  1. Página Inicial
  2. Aula 06

AULA 06

clique abaixo para navegar


  • 6.1
  • 6.2
  • 6.3
  • 6.4

AULA 6 – DEFICIÊNCIA VISUAL


Esta aula tem como objetivo esclarecer os conceitos relacionados à deficiência visual, apresentando as possibilidades de suporte escolar suscitadas em cada caso. Assim, você estudará sobre aspectos relativos à inclusão de alunos com deficiência visual na escola regular. Estudará uma definição pedagógica, estratégias de inclusão, exemplos de ajudas técnicas, algumas dicas para melhor incluir esses alunos nas classes comuns, bem como orientações de convivência entre pessoas sem e com deficiência visual. A aula será finalizada com algumas propostas de atividades e dicas de sites e filmes para você conhecer mais sobre pessoas cegas e com baixa visão na sociedade.

 

6.1. Definição

Um aspecto relevante ao se definir a deficiência visual é saber que ela pode se manifestar de duas formas: cegueira ou baixa visão (visão subnormal). Apesar de haver, tal como ocorre com as demais deficiências, muitas definições, dependendo dos objetivos, diante dos objetivos do curso, cabe valorizar a seguinte definição pedagógica da deficiência visual:

Pedagogicamente, delimita-se como cego aquele que, mesmo possuindo visão subnormal, necessita de instrução em Braille (sistema de escrita por pontos em relevo) e como portador de visão subnormal aquele que lê tipos impressos ampliados ou com o auxílio de potentes recursos ópticos. (INSTITUTO BENJAMIM CONSTANTT (IBC). Disponível em: http://www.ibc.gov.br/?itemid=94. Acesso em 19-02-2016).

Cabe observar que a expressão “portador” não é utilizada atualmente. No entanto, optou-se por não alterar a citação em seu texto original. A expressão mais adequada atualmente seria “pessoa com deficiência visual”.

Uma definição mais clínica pode ser encontrada no Decreto Federal nº 5.296/04 , na Alínea “c”, do Inciso I, do Artigo 5º.

Independentemente da definição, o importante é que você, professor, tenha consciência de que se deve oferecer auxílio e apoio a seu aluno com deficiência visual, seja estimulando seu resíduo visual (sem causar fadiga), seja encontrando alternativas táteis, auditivas, sinestésicas ou olfativas para todas as situações que requerem uma abordagem que o inclua no contexto pedagógico.

Caso o aluno frequente o Atendimento Educacional Especializado (AEE), em sala de recursos, conforme definido na Resolução CNE/CEB 04/09, é fundamental que você tenha interação constante com o professor especializado, para que ele te ofereça subsídios acerca da acuidade visual do aluno, em casos de baixa visão, ou de aspectos relacionados às melhores abordagens e estratégias para promover os sentidos remanescentes do aluno com cegueira.

6.2. Mediações Pedagógicas e Ajudas Técnicas


Segundo o que se encontra em publicação do MEC (BRASIL, 2010), dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que cerca de 70% das pessoas consideradas cegas possuem algum resíduo visual. Portanto, não será raro que você tenha contato com algum aluno que necessite de apoio para sua leitura ou escrita utilizando a visão.

É importante notar que a baixa visão pode afetar o campo visual, que é a área total da visão, ocasionando prejuízo na visão central ou periférica. Quando esse prejuízo é na parte central da visão, a pessoa pode ter diminuição na acuidade visual, dificuldades em identificar cores, não conseguir perceber alguns contrastes e ter sua capacidade de identificar pessoas diminuída. Essas pessoas podem alterar constantemente a posição da cabeça ou do material manuseado para encontrar a melhor posição para conseguir focar sua visão.

As pessoas que possuem perda na visão periférica podem ter mais dificuldades em se deslocar, identificar ambientes amplos, com prejuízo em sua orientação e mobilidade. Podem possuir o que se costuma chamar de “visão tubular”.

Tanto os alunos com visão periférica ou central podem se beneficiar de recursos que chamamos de auxílios ópticos, que são prescritos por um profissional da área da oftalmologia. Esses auxílios podem ser, dentre outros:

  • Lupas de mão
  • Lupas de apoio
  • Telescópios


Figura 6.1. Lupa de mão
Fonte: http://pt.freeimages.com/photo/lupa-sobre-revista-1522543


Esses recursos não podem ser confundidos com óculos comuns. As lupas auxiliam o aluno a enxergar objetos de perto e o telescópio o auxilia para ver a lousa, identificar pessoas ou placas, por exemplo.

Outro tipo de recurso são os auxílios não ópticos. Esses se constituem em mudanças no ambiente, mobiliário, iluminação e nos apoios de leitura e escrita, tais como contrastes e ampliação, podendo ser utilizados em complemento aos recursos ópticos. Incluem, também, auxílios de informática e de ampliação eletrônica.

Alguns exemplos de recursos não óticos:


  • Iluminação natural ou artificial (lâmpadas incandescentes ou florescentes).
  • Cadernos com pauta ampliada ou reforçada.
  • Planos inclinados para leitura.
  • Bonés.
  • Circuito fechado de televisão (CCTV).
  • Lupa eletrônica.
  • Livros com caracteres ampliados.
  • Canetas com ponta porosa ou lápis 6B.
  • Colas coloridas.
  • Tiposcópio.
  • Cartão escuro para isolar palavras ou sentenças, etc.

O uso do computador pode ser um grande aliado do professor. O aluno com baixa visão pode utilizar recursos do sistema Windows que permitem ampliação de caracteres, mudança no contraste ou lente de aumento. Essas alternativas podem ser ajustadas no Menu Acessibilidade do sistema operacional.

Há programas com sintetizador de voz que auxiliam o aluno a utilizar o computador por meio de um sistema específico. Um desses programas é o DOSVOX. Outro recurso de informática bastante utilizado são os leitores de tela para leitura do conteúdo da tela. Nesses programas, o aluno ouve as informações digitadas ou navegadas. São exemplos de programas de sintetizador de voz: JAWS, Virtual Vision, NVDA e O ORCA, sendo o último para sistema LINUX e os demais para sistema Windows. O NVDA e o DOSVOX são gratuitos e podem ser baixados pela Internet.

Tanto os recursos de ampliação e contraste do computador, quanto os programas de sintetização de voz devem ser discutidos com o aluno para que se consiga obter os resultados mais eficientes para cada caso. Livros e textos impressos poderão ser digitalizados, utilizando-se um scanner, pelo aluno ou pelo docente. Esse procedimento permitirá que o aluno tenha acesso aos conteúdos de livros e textos impressos.

Os alunos que possuem pouquíssimo resíduo visual ou não o possuem fazem uso do braile para escrever ou ler. Esse sistema é de grande eficiência e pode ser utilizado na sala de aula por meio do uso da reglete ou da máquina de datilografia braile, conhecida como máquina Perkins.

 

Pausa para o vídeo...

Para conhecer melhor sobre esses dois recursos de escrita do sistema braille, assista à aula da Profª Martha Fontenelle sobre como utilizar a reglete


E o vídeo de Fernando Jorge Correia, explicando o funcionamento de uma máquina de datilografia braille


Figura 6.2. Sistema Braille
Fonte: http://www.freeimages.com/photo/braille-1420102


Além desses recursos, os alunos cegos costumam utilizar, quando já são jovens ou adultos, o computador para digitar os conteúdos ministrados nas salas de aula, com o auxílio dos sintetizadores de voz ou ampliadores de tela, como já se descreveu acima.

6.3. Mediações Pedagógicas

É relevante que você não se esqueça de perguntar ao aluno quais as alternativas e recursos que poderão ser utilizados e/ou adaptados para que tenha pleno acesso às atividades de sala.

Não se antecipe e imagine que o aluno não irá conseguir fazer tal atividade. Há talentos e habilidades que podem surpreender a todos, inclusive o próprio aluno. Seja seu parceiro na descoberta e desenvolvimento de suas habilidades e competências.

Tanto os alunos cegos quanto uma parcela de alunos que possuem baixa visão utilizam a bengala para sua orientação e mobilidade. A utilização desse recurso é aprendida em cursos específicos para esse fim e proporcionam grande autonomia e mais segurança.

A seguir são listadas algumas dicas para que você possa lidar de forma natural e adequada com pessoas que possuem deficiência visual.

  • Quando estiver utilizando a lousa ou dando qualquer explicação baseada em uma imagem, figura, objeto, tabela, foto, quadro escultura etc., descreva toda informação que é visualmente percebida.
  • Pergunte ao aluno com baixa visão sobre as melhores cores para escrever na lousa.
  • Encontre, consultando o aluno, um local na sala de aula adequado ao estudante com baixa visão, para que não seja prejudicado na leitura da lousa por causa do reflexo da luz ou tenha sua visão “ofuscada” pela claridade da janela.
  • Sempre que for apresentar um vídeo, filme ou clip, contextualize o conteúdo para o aluno com deficiência visual antes da apresentação.  Coloque dublado em português. Caso isso não seja possível e haja legenda, é importante que sejam lidas para o aluno durante a transmissão do conteúdo. Hoje em dia há produções com audiodescrição . Priorize tais materiais.
  • Em atividades que se deverá construir uma maquete, mapa etc., é possível que o aluno com deficiência visual participe. Deve-se fazer o trabalho com relevos e texturas.


Figura 6.3. Mapa tátil
Fonte: https://pixabay.com/pt/aprendizagem-geografia-ensino-928638/


  • Caso o aluno utilize o Braille, é importante que se mande imprimir os conteúdos em gráficas de impressão Braille com antecedência, para que ele receba o material junto de seus colegas.
  • Sempre que houver mudança na sala de aula, o aluno com deficiência visual deve ser avisado e levado até o local, para se familiarizar com a nova configuração dos móveis ou do lugar.
  • Não deixe portas semiabertas; feche-as ou as abra totalmente. Não deixe objetos espalhados no chão, tal como mochilas, caixas, lixeiras fora do lugar, etc.

As dicas acima são, somente, orientações “básicas”. Use sua criatividade e dialogue constantemente com seu aluno. Há alternativas e soluções para situações cotidianas que são encontradas na prática, no dia a dia. Envolva, também, os colegas de classe nas discussões e amadurecimento de alternativas. A inclusão é feita dinamicamente, com a participação e envolvimento de todos.

 

Pausa para o vídeo...

1. Assista ao vídeo “Dê uma Ajudinha a Você Mesmo”, que trata da abordagem a pessoas com deficiência. Ele mostra situações cotidianas de forma leve e bem humorada. Vale a pena conhecer e divulgar!



2. Beatriz, Carlos e Matheus são exemplos de alunos com deficiência visual que são os protagonistas do vídeo “Escolas adotam estratégias para ensinar alunos com deficiência visual”   que mostra exemplos de situações cotidianas em escolas regulares. Lembre-se, professor, que as alternativas e resoluções encontradas nas situações com os alunos do vídeo foram efetivadas conforme a realidade de cada estudante no contexto escolar. Não há regras fixas ou procedimentos únicos. O importante é identificar junto do aluno e com seus colegas as melhores formas de se promover a inclusão em cada situação do dia a dia na escola.


6.4. Dicas de Convivência

Para que você possa conviver de forma mais natural e efetiva a inclusão de uma pessoa com deficiência visual, sugerimos algumas dicas de convivência que podem ser úteis no cotidiano. As dicas a seguir foram extraídas do Portal da Rede Saci :

  • Fale diretamente com a pessoa. Pergunte se precisa de ajuda e de que forma você pode auxiliá-la.
  • Evite expressões que se relacionem diretamente com a deficiência, como ceguinho, quatro-olhos e zarolho, elas são pejorativas.
  • Não é necessário evitar termos como "ver" e "olhar". Mesmo sem ter fisicamente a capacidade de fazer isso, as pessoas com deficiência visual entendem a expressão metaforicamente. Não é necessário dizer "toque", "apalpe", "ouça só!".
  • Quando for deixar um ambiente avise a ele; é desconfortável saber que continua falando sem ter um ouvinte.
  • Não se dirija à pessoa com deficiência visual por meio de seu acompanhante, supondo que ele não pode compreendê-lo.
  • Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando conversam com pessoas cegas. A menos que a pessoa tenha também uma deficiência auditiva que justifique isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz normal.
  • No convívio social ou profissional, não exclua as pessoas com deficiência visual das atividades normais. Deixe que elas decidam como podem ou querem participar.
  • Quando for caminhar com uma pessoa com deficiência visual, não procure erguê-lo com seus movimentos. A maioria deles prefere segurar o braço do guia. Pergunte qual é sua preferência. Ficar com o braço paralelo a meio passo do deficiente visual (DV) e caminhar na sua frente ajuda enquanto ele segura em seu cotovelo. Caminhe normalmente.
  • Para ajudar uma pessoa com deficiência visual a sentar-se, você deve guiá-la até a cadeira e colocar a mão dela sobre o encosto da cadeira, informando se esta tem braço ou não ou possua rodízios. Deixe que a pessoa se sente sozinha.
  • Quando for subir uma escada, coloque a mão da pessoa com deficiência visual no corrimão e informe-o se os degraus estão no sentido ascendente ou descendente. Não é necessário dizer o número total de degraus a serem percorridos.
  • Quando for atravessar a rua e encontrar uma pessoa com deficiência visual fazendo a mesma coisa, antes de agarrar-lhe o braço, pergunte se ele efetivamente precisa de ajuda. Se sim, procure atravessá-lo em linha reta, já que desse modo ele não ficará desorientado na outra calçada. Não grite de longe para alertá-lo sobre a presença de objetos, a não ser que esses não possam ser detectados pela bengala (como o caso de um toldo colocado a baixa altura).
  • Oriente a pessoa com deficiência visual quanto à distribuição de alimentos em seu prato fazendo de conta que o prato é um relógio de ponteiros. Por exemplo, o arroz está às 12h, o feijão, às 3h, etc. Pergunte se ele precisa de ajuda para cortar algo.
  • Dê o copo ou os salgadinhos que são pegos com as mãos diretamente para a pessoa com deficiência visual, evitando assim que ele precise apalpar toda a bandeja. O copo não deve estar muito cheio de bebida para evitar derramamento.
  • Não deixe portas ou janelas entreabertas no caminho, conserve-as encostadas à parede ou fechadas.


Essas são dicas gerais, que não precisam ser seguidas “à risca”. A melhor estratégia é perguntar à pessoa a maneira de ajudá-la em cada situação. O melhor é agir de forma espontânea e natural.

 

Leitura Recomendada

Leia o seguinte material publicado pelo MEC, em 2010:

A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar – Os Alunos com Baixa Visão e Cegueira - Fascículo 3

Disponível em: portal.mec.gov.br/docman/novembro-2010-pdf/7105-fasciculo-3-pdf

 

Leitura Recomendada

Há diversos filmes e documentários que tratam da interação de pessoas com deficiência visual na sociedade. A seguir mostramos apenas alguns deles. Cada um tem temáticas, abordagens e objetivos distintos sobre o tema:

Título

Direção

Ano

Tempo

A Cor do Paraíso

https://www.youtube.com/watch?v=0LXte963ORI

Majid Majidii

1999

90

À Primeira Vista

https://www.youtube.com/watch?v=-Mt_9ci-8hA

Irwin Winkler

1999

129

Janela da Alma

https://www.youtube.com/watch?v=47VEtw2JMU0

João Jardim/Walter Carvalho

2002

73

RAY

https://www.youtube.com/watch?v=X1rJvSF3l6k

Taylor Hackford

2004

152

Perfume de Mulher

https://www.youtube.com/watch?v=F2zTd_YwTvo

Martin Brest

1992

156

Vermelho como o Céu

https://www.youtube.com/watch?v=IEA3hTt3r6Y

Cristiano Bortone

2006

96

 

Nesta aula você estudou os seguintes temas acerca da deficiência visual no contexto escolar:

  • Definições sobre deficiência visual. As definições variam conforme a sua intenção, podendo ser de abordagem mais clínica ou pedagógica, por exemplo.
  • Ajudas técnicas e tecnologias assistivas são recursos que auxiliam o aluno para que consiga executar as atividades e tenha pleno acesso aos conteúdos e que possa trabalhar de maneira efetiva, com conforto e segurança.
  • Mediações pedagógicas são as formas de se atuar em sala de aula para que o aluno com deficiência visual seja plenamente incluído nas situações de aprendizagem.
  • Dicas de convivência são atitudes que propiciam melhor relacionamento com o aluno e o ambiente que o cerca. Leva-se em consideração aspectos simples e que levam em conta as características da deficiência visual.

Esperamos que tenha conseguido ter uma “visão geral” do que é a deficiência visual e como incluir um aluno com baixa visão ou cego na classe comum do ensino regular.

 

Atividades
  1. Acesse o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=-vxN9osofSk e, com os olhos fechados ou com o monitor desligado, assista-o e imagine as imagens presentes nele. Após o término, assista novamente ao vídeo, dessa vez vendo-o por inteiro.

  2. a) Quais as diferenças de percepção que você teve ao assistir o vídeo com a audiodescrição e, posteriormente, vendo as imagens?

    b) Reflita sobre o fato de que, sem a audiodescrição, toda a abertura do desenho seria incompreensível para pessoas que não enxergam. Tente se colocar na posição de uma pessoa cega e pense em quantas informações relevantes e poéticas ela perde por dia em seu cotidiano por falta de acessibilidade.

 

 

Leitura Recomendada

Na Internet, há muitos sites interessantes sobre deficiência visual que podem te auxiliar no aprofundamento do tema exposto nesta aula. Alguns exemplos são:

Fundação Dorina Nowill: http://www.fundacaodorina.org.br

adeva: http://adeva.org.br/

Bengala Legal: http://www.bengalalegal.com

Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB): http://www.oncb.org.br

Instituto Benjamim Constant: http://www.ibc.gov.br/

AHIMSA: http://www.ahimsa.org.br

clique abaixo para navegar

  • 6.1
  • 6.2
  • 6.3
  • 6.4

Rede Salesiana Brasil todos os direitos reservados

>